Redação (06/02/2009)- Duas medidas adotadas pelo governo russo acertaram em cheio a balança comercial brasileira, revela reportagem da correspondente do Globo, Vivian Oswald, publicada nesta sexta-feira. Principal fornecedor de carnes para o país, o Brasil teve as cotas de exportações de suínos e frangos reduzidas desde o início de janeiro. Além disso, a tarifa do que extrapolar estes limites passou de 40% para 75% por quilo, no caso dos suínos, e de 40% para 95%, de frangos. Tradicionalmente, o país vinha exportando além dos valores das cotas.
De acordo com a reportagem, ainda não há estimativa oficial de perdas com as medidas consideradas protecionistas pelos exportadores brasileiros. Dados divulgados pelo Serviço de Aduanas da Rússia indicam que as últimas ações adotadas pelo governo para proteger a indústria nacional reduziram em 28% a arrecadação do imposto de importação em geral em janeiro.
As exportações brasileiras para a Rússia atingiram em 2008 recorde histórico de US$ 8 bilhões, sendo mais da metade de carnes. Suínos e frangos correspondem a 20% da pauta.
Entre as ações protecionistas, o governo russo já havia anunciado o aumento das tarifas de importação para carros importados para proteger a indústria nacional, o que desencadeou uma série de protestos. As tarifas para maquinário agrícola também subiram.
Trigo russo
Para forçar os russos a aumentarem as cotas de importação, o governo brasileiro tem um trunfo: a intenção da Rússia de vender trigo para o mercado brasileiro, como alternativa às dificuldades na compra do cereal da Argentina. A moeda de troca, segundo o Ministério da Agricultura, será uma postura mais flexível do país em relação à carne brasileira. Se tudo correr bem, um acordo nesse sentido será fechado em maio deste ano.