A Rússia desistiu de sua tentativa de formar um bloco com Cazaquistão e Belarus para entrar para a Organização Mundial do Comércio (OMC). Foi uma derrota para o premiê Vladimir Putin, que havia ameaçado da adesão se a OMC não aceitasse negociar a entrada dos três países como uma união aduaneira. Membros da OMC disseram que a adesão de um bloco não tem precedentes e tomaria anos de novas negociações.
O caso é um dos poucos em que a posição do premiê Putin deixa de prevalecer em uma disputa doméstica russa.
Entre as maiores economias do mundo, a Rússia é a única que ainda não aderiu à OMC. Segundo Maxim Medvedkov, veterano negociador russo na OMC, as negociações estavam quase prontas quando o premiê russo anunciou que Moscou só iria aderir à organização se fosse em uma união aduaneira com os dois aliados ex-soviéticos.
Na ocasião, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, viu a exigência russa como um sinal da diminuição da vontade de Moscou de realmente levar adiante sua adesão.
O presidente russo, Dmitri Medvedev, que geralmente é visto como menos poderoso do que o premiê, disse logo depois que achava a adesão em separado mais “simples” e mais “realista”. A discordância de opiniões entre o presidente e o premiê criou um impasse, deixando muitos ministros sem saber o que fazer.
“Foi uma confusão enorme”, disse Fedor Lukianov, editor do da publicação “Rússia nos Assuntos Internacionais”, de Moscou.
Andrew Kuchins, especialista em Rússia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CISS, na sigla em inglês), de Washington, disse que a confusão “sugere que realmente há diferenças no Kremlin entre os que são mais a favor de reformas econômicas e de integração à economia mundial e aqueles menos inclinados a isso”.