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Exportação

Rússia põe fim a embargo a carnes, mas barreiras persistem

Retomada das exportações deve demorar. "Para as próximas semanas, a eficácia é zero", afirma Camargo Neto.

Rússia põe fim a embargo a carnes, mas barreiras persistem

Às vésperas da visita da presidente Dilma Rousseff à Rússia, o governo brasileiro anunciou ter chegado a um acordo que suspendeu o embargo do país europeu às exportações de carnes provenientes de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, como antecipou o Valor Pro. Contudo, o acordo não garante a retomada imediata dos embarques, interrompidos desde junho de 2011.

O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Ênio Marques, que negociou pessoalmente o fim do embargo na semana passada, admite que o acordo de equivalência sanitária entre os dois países não deverá sair antes de 2015.

Embora não seja uma pré-condição para que novas plantas sejam habilitadas a exportar, o acordo de equivalência sanitária – que visa a equiparar os métodos de produção entre os dois países – é considerado fundamental para o fim da longa história impasses entre Brasil e Rússia no comércio de carnes.

Até lá, a Rússia vai conceder autorizações individuais aos frigoríficos que comprovarem seguir os padrões sanitários daquele país. “Depende de cada um se preparar para vender para os russos. O governo fez seu papel de liberar o acesso, mas o passo seguinte é uma decisão de mercado”, afirma Marques.

Agentes do mercado temem, entretanto, que o governo russo continue a impor dificuldades para liberar novas plantas com o objetivo de restringir as importações e fomentar a produção doméstica de carnes.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, que participou das reuniões na Rússia, o fim do embargo é bem-vindo, mas a retomada das exportações deve demorar. “Para as próximas semanas, a eficácia é zero”, afirma.

O representante lembra que, atualmente, apenas quatro plantas frigoríficas em todo o Brasil estão habilitadas a exportar carne suína para a Rússia, que até 2010 era o principal destino dos embarques brasileiros de suínos. Mesmo em Santa Catarina, Estado que não estava sob embargo, apenas duas plantas estão liberadas.

Os exportadores de aves demonstraram mais otimismo com o fim do embargo. O presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, classificou o acordo como um “alento” em meio à crise que atravessa o segmento.

Turra disse esperar que as exportações de frango para a Rússia retornem aos níveis de 2010, quando o país embarcou 550 mil toneladas para aquele país – volume que caiu para apenas 60 mil toneladas em 2011. Nas contas do dirigente, Paraná e Rio Grande do Sul respondiam por 85% das exportações brasileiras ao país.

Turra diz que a visita da presidente Dilma Rousseff à Rússia, programada para o próximo dia 10, será um estímulo para que o acordo saia efetivamente do papel. “Penso que a visita vai acelerar o acordo. Quando fui ministro, também tivemos um problema com a Rússia. Naquele momento, a visita do Fernando Henrique Cardoso foi muito proveitosa e até aumentou nossas exportações”, disse Turra.

De acordo com um levantamento do Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC), no primeiro semestre de 2011, antes do embargo, o Brasil exportou US$ 1 bilhão em carnes (bovina, suína e de aves) para a Rússia (297 mil toneladas). No primeiro semestre de 2012, as vendas caíram a US$ 847 milhões (233 mil toneladas).