Produtores de suínos na Rússia pressionam o governo a impor mais restrições na importação de carne suína, o que pode afetar as vendas brasileiras ao país, que é o maior cliente brasileiro.
Os produtores pedem ao governo um corte de 100 mil toneladas na cota de importação de carne suína em 2011, e redução igual em 2012. Alegam que precisam de proteção paras estimular a produção interna. Hoje, a cota é de 500 mil toneladas para 2010 e 2011, inferior em 150 mil toneladas ao volume de 2008. Para 2012, o volume cai para 450 mil toneladas.
A Associação Russa de Produtores insiste que seu volume de produção cresceu 10,2% no primeiro semestre, alcançando um milhão de toneladas, e a comercialização aumentou 24%, com condições de diminuir o ritmo de importações.
“Os russos pedem isso, mas não têm produtividade e competitividade e aí é o consumidor que vai resolver. É uma briga entre eles”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. Os embarques à Rússia caíram desde 2005, de 400 mil toneladas anuais para 270 mil toneladas em 2009.
A demanda coincide com a movimentação de Moscou para, na verdade, negociar o pacote final para atender parceiros afim de aderir até dezembro a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Uma das pendências bilaterais, para o Brasil confirmar seu apoio a Rússia, envolve melhores condições de acesso de suas carnes no mercado russo. O governo russo deve apresentar uma oferta ao Itamaraty até o final do mês.
Os brasileiros reclamam que Moscou vem privilegiando a Europa. De fato, a Rússia se tornou o maior mercado para os suínos europeus, com 760 mil toneladas em 2009 (dentro e fora de cota), valendo US$ 1,3 bilhões, basicamente de carne que não consome, de qualidade baixa. A carne de boa qualidade é exportada para o Japão.
Mas os europeus também se queixam dos veterinários russos e suas imposições de barreiras consideradas sem consistência técnica. Os russos alegam que se protegem contra o produto subsidiado da Europa, que recebe entre € 100 milhões e € 150 milhões por ano.
Produtores europeus, por sua vez, se dizem preocupados com a evolução da produção de suínos no Brasil. Por isso, são contra a negociação do acordo de livre comércio UE-Mercosul, que daria acesso da produção brasileira na Europa.