Estima-se que o Brasil perca R$ 2,7 bilhões a cada safra com o derrame de grãos durante o transporte rodoviário. Depois da colheita, os grãos também se perdem por motivos como insuficiência da rede de armazenagem, má-conservação das estradas e inadequação do transporte utilizado.
“Em países de grande dimensão territorial como o Brasil, os índices de perdas tendem a serem maiores na pós-colheita, dadas a dispersão da produção, a distância aos mercados consumidores ou portos de exportação e a deficiência da rede de armazenagem”, analisa a pesquisadora Andréa Leda Ramos de Oliveira.
A escolha do modal de transporte utilizado – ou a falta dele – tem contribuído para aumentar os volumes de desperdício. Segundo o Ministério dos Transportes, 58% das cargas do país são transportadas pelo sistema rodoviário, o menos eficiente para longas distâncias.
Conforme estudo de viabilidade econômica dos transportes de cargas, o modal rodoviário é o mais adequado para as distâncias inferiores a 300 km. Para distâncias entre 300 e 500 quilômetros, o desejável é utilizar o meio ferroviário (responsável por 25% do movimento) e, para mais de 500 quilômetros, indica-se o fluvial (17%). No Brasil, no entanto, a situação é inversa.
A matriz brasileira de transporte passou por uma pequena mudança quando comparada com a existente em 2001, ano em que a participação do modal rodoviário respondia por 60%, o ferroviário por 21% e o hidroviário por 14%. Mesmo assim, o modal rodoviário predomina na movimentação de produtos de baixo valor agregado, percorrendo longas distâncias. O pior é que muitas rodovias encontram-se em péssimo estado. Andréa Oliveira assegura que apenas 12% das rodovias brasileiras são pavimentadas. Nas federais, o número é um pouco maior (20%), mas ainda baixíssimo, conforme o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit).