O mercado de trabalho dá globalmente sinais de uma virada, antes do que se previa, com mais empresas freando as demissões e projetando contratações em termos líquidos nos próximos meses, de acordo com diferentes pesquisas.
O Global PMI Employment Index, compilado pela consultoria britânica Markit para o JP Morgan, aponta persistente queda no emprego globalmente pelo 16º mês consecutivo. No entanto, o índice está no quinto mês de melhora, indicando uma desaceleração na taxa de demissões nesse período.
Para a Markit, os crescentes sinais de “virada” nas contratações pelo mundo são reforçados pela leve melhora no Reino Unido em agosto, a primeira alta em 17 meses. A economia britânica é uma das mais afetadas pela recessão.
A consultoria calcula que as demissões nos EUA, nos 16 países da zona do euro, no Reino Unido e no Japão totalizaram 1,8 milhão em março (último mês tabulado), mas o PMI Index indica que a perda de emprego pode ter baixado para cerca de 500 mil em agosto.
O emprego tem uma defasagem em relação à retomada da produção e das encomendas. E o retorno do crescimento da demanda global (por bens e serviços) em agosto sugere “fortemente” que a taxa pela qual as empresas vinham cortando funcionários continuará a se moderar nos próximos meses.
Outra pesquisa, da empresa de recrutamento temporário Manpower, mostra que os empregadores em quase metade dos 35 países consultados indicam que vão fazer contratações líquidas nos próximos três meses. Empresas na Ásia, com exceção do Japão, se mostram otimistas sobre contratações. Há também sinais de uma recuperação, embora fraca, na Europa.
Nos EUA, porém, as empresas continuam relutantes a voltar a contratar, o que leva analistas a indagar até que ponto uma recuperação no mercado de trabalho global é sustentável sem a participação da maior economia mundial.
Também na Alemanha, maior economia da Europa e até recentemente o maior exportador mundial de mercadorias, as empresas parecem ter diminuído o ritmo de demissões por causa da eleição geral deste fim de mês. Existem temores de que o corte de emprego aumente, uma vez passado o período eleitoral.
As pesquisas consideram “muito pessimista” projeções da Reuters, realizadas em julho, de que o desemprego alcançaria 10,2% nos EUA (o maior nível em 26 anos) e 5,8% no Japão no primeiro trimestre de 2010, e 11,4% na zona do Euro até dezembro do ano que vem.
Mas a Organização Internacional do Trabalho (OIT) mantém a projeção de 210 milhões a 239 milhões de pessoas sem trabalho em 2009, numa alta entre 29 milhões e 59 milhões em relação a 2007. Estima que metade da força global de trabalho, sete vezes maior do que o número de desempregados, continuará vulnerável no curto prazo.