A crise de abastecimento do milho no país está fazendo com que governos, agroindústria e agricultores repensem o atual modelo de produção no Brasil. O tema foi alvo de discussão nesta terça-feira no Fórum do Agronegócio, em Florianópolis. Na ocasião foi lançado oficialmente um programa do estado catarinense para estimular o plantio do grão e garantir um preço mínimo ao produtor de R$ 34 por saca com financiamento dos insumos para produzir o milho.
“Santa Catarina faz esse programa numa parceria com as cooperativas, agroindústrias, com a Fecoagro oferecendo ao produtor um pacote tecnológico para ele pagar com a colheita da safra 2016/2017 e essa é a primeira opção do produtor para produzir mais milho. A segunda é garantirmos um preço mínimo. A agroindústria vai garantir R$ 38 por saca para as cooperativas e as cooperativas garantem R$ 34 por saca para os produtores”, explica o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Moacir Sopelsa.
A Conab também revelou hoje que a proposta de um novo preço mínimo nacional está em análise no Ministério da Fazenda. Segundo Thomé Guth, gerente de produtos agropecuários da Conab, o valor deve ser anunciado nas próximas semanas.
“A gente entende que precisa de um novo preço mínimo. Isso já foi encaminhado ao Ministério da Fazenda e demora de 2 a 3 meses para sair. Até julho deste ano tem que estar com novo preço mínimo corrente”, destacou Guth.
Atualmente o preço mínimo na região centro-sul do país está em R$17,67 a saca do milho. Segundo a CONAB a sugestão do novo preço levou em consideração o cenário de custo de produção nessas regiões. A mudança no patamar de preço mínimo é importante para balizar as decisões de plantio de produtores rurais, mas não deve ser utilizada tão cedo de acordo com o analista de mercado, Paulo Molinari, da Safras&Mercado. Segundo ele, o cenário de escassez do grão deve permanecer até julho de 2017 e as cotações do grão estarão mais próxima das máximas do que das mínimas.
“Vamos ter preços de R$ 35 a R$ 40 por saca nos próximos meses. Os portos estão entre R$ 38 e R$ 40 a saca e esse é nosso limitador mínimo para a queda de preços no mercado interno”, destacou.
Segundo Molinari, as geadas deste ano devem reduzir em mais de 1 milhão de toneladas o potencial da segunda safra de milho, que segundo a última estimativa da consultoria deverá produzir 52 milhões de toneladas. Molinari alerta que novas reduções devem ser feitas nesse projeção em função dos problemas climáticos.