Redação SI (15/08/06)- O embargo da Rússia à carne suína catarinense, que já causou prejuízo de US$ 300 milhões (R$ 650 milhões) a Santa Catarina, deixou de ser uma questão sanitária e passou a ser política e econômica. A afirmação é do secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Alfredo Felipe da Luz. Para ele, a reabertura do mercado russo para Mato Grosso, na semana passada, é a prova de que são os interesses econômicos que estão sendo levados em conta.
Mato Grosso faz fronteira com Mato Grosso do Sul, onde foram detectados focos da febre aftosa. Santa Catarina, no entanto, que também é vizinho do Paraná (onde houve a confirmação da doença), ainda sofre com a proibição. “É um contra-senso que se abra um espaço [a liberação das importações de Mato Grosso] sem que tenha sido concluído o relatório técnico. Estamos frustrados com essa posição”.
Santa Catarina é o maior exportador de suínos do país. É ainda área livre de febre aftosa sem vacinação. Do total das exportações do produto do Estado, 80% tinham como destino a Rússia. A estimativa é que o Estado tenha deixado de vender 120 mil toneladas da carne durante o embargo.
“Artifício”:
Luz já havia dito à Folha, há dois meses, quando estava em Moscou, que o embargo a Santa Catarina já era comemorado por alguns setores da economia local. “Eles [russos] têm interesse em incentivar a produção de suínos no país, até por ser estratégica, para não depender de importação. Ela já subiu 30%”, disse Luz, na ocasião.
Segundo ele, apesar de a aftosa no Paraná ter ocorrido “a 500 km da fronteira”, não há como reclamar, porque o acordo estipula até um ano com bloqueio. “Mas eles estão usando a doença como artifício. Estão preocupados mesmo com outra coisa”. Para Luz, o Estado não pode ficar mais com “todos os ovos numa cesta”. “Uma missão da Romênia deve chegar. Há negociações com o México”.