A avicultura voltou a ser debate entre os trabalhadores do setor no Sul de SC, quando representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Criciúma e região (Sintiacr) e da Associação dos Avicultores do Sul Catarinense estiveram em uma agroindústria de Forquilhinha e outra localizada em Nova Veneza. Eles reivindicam, principalmente, reajuste salarial e melhores condições de trabalho, além de aumento na remuneração da produção de frangos, no caso dos avicultores.
Um material impresso com a pauta das reivindicações foi entregue aos funcionários das empresas durante as trocas de turno de trabalho. O presidente do Sintiacr, Célio Elias, explica que as negociações entre trabalhador e empresa estão cada vez mais difíceis no setor de avicultura na região Sul. “Antes tínhamos chance de negociar com três gestões diferentes, agora é só a do Grupo JBS, que adquiriu as três maiores agroindústrias do Sul catarinense, praticamente um monopólio”, ressalta Elias.
Ele lembra que o setor de carnes no Brasil é cada vez mais rentável, mas o aumento nos lucros não é repassado aos trabalhadores. Inclusive, conforme o presidente do Sintiacr, o setor encontra dificuldades para conseguir mão de obra qualificada. “São dois problemas: o salário baixo e as condições de trabalho precárias. Existem muitas causas trabalhistas contra as empresas, ninguém quer trabalhar onde pagam mal e a possibilidade de ficar doente é grande”, lamenta.
Para o presidente da Associação dos Avicultores do Sul Catarinense, Emir Tezza, esta é a pior crise no setor desde a integração entre agroindústria e produtor, isso em todo o Estado, talvez até a nível nacional, de acordo com Tezza. A avicultora de Treviso, Lucia Cimolin, trabalha no setor há 20 anos, e confirma que a situação está bastante crítica.
“Os avicultores têm três reivindicações principais: aumento na remuneração pela produção das aves, pois o que é pago hoje não é suficiente nem para pagar as dívidas de financiamento com os bancos; também não queremos que os aviários sejam fechados sem aviso prévio, como algumas empresas vêm fazendo; e ainda lutamos por uma Lei Nacional que regulamente a integração vertical, que é a relação entre indústria e produtor”, detalha Lucia.