Redação (19/03/2009) – Criadores de Santa Catarina estão otimistas com a decisão da Rússia de retomar as compras de carne suína do Estado.
Até 2005, quando houve a suspensão das vendas, o Estado era o maior exportador do país, com mais de 60% de participação. Mas casos de febre aftosa no Paraná e no Rio Grande do Sul mudaram a situação do Estado.
A Organização Internacional de Saúde Animal suspendeu o status de área livre de aftosa sem vacinação porque Santa Catarina fazia divisa com o Paraná, onde houve focos da doença. No ano passado, foi instituído o status no Estado.
O primeiro embarque para a Rússia ainda não tem data. Na próxima semana, técnicos do Ministério da Agricultura do Brasil vistoriarão frigoríficos catarinenses para encaminhar um relatório aos russos. No setor fica a expectativa do fechamento do primeiro contrato.
Entre 2005 e 2008 Santa Catarina enfrentou dificuldades com muita carne no mercado interno e preços baixos. Agora, com a retomada, a indústria espera que a situação mude.
“Saindo a carne que está sobrando, eu sonho que em quatro ou cinco meses o suinocultor comece a ganhar dinheiro novamente com a atividade e as agroindústrias também”, disse Mário Lanznaster, vice-presidente das Agroindústrias de Santa Catarina.
A notícia também animou os criadores. O seu Clair Dariva, que pensava em diminuir a produção de matrizes, mudou de idéia. “Com essa notícia a gente volta para trás e vamos continuar com plantel que temos”, disse.
Nos quase quatro anos em que Santa Catarina ficou proibida de exportar para os russos, o Rio Grande do Sul foi quem mais se beneficiou. As vendas de carne suína dispararam e os preços melhoraram. Agora, com a volta do vizinho aos negócios, os criadores estão apreensivos.
O criador Lírio Lira é um dos maiores produtores de carne suína de Erechim, no norte do Estado. A cada 112 dias, ele entrega ao frigorífico um lote de 250 animais. Recebe pelo quilo vivo do suíno cerca de R$ 1,60. Ele teme que sobre suíno no Estado e que o preço caia.
Segundo os produtores ainda é cedo para falar em futuro. Mas a maioria acredita que se Santa Catarina voltar a exportar o mercado suíno gaúcho perderá espaço. Por isso, será necessário buscar alternativas para comercializar a carne.
A Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul acreditam que há espaço para Santa Catarina e Rio Grande do Sul neste mercado.
“O Rio Grande do Sul é hoje o único exportador para a Rússia. Com certeza, nós não temos todo esse volume que eles necessitam. Nós também não podemos concentrar nossas exportações para um único país. Há outros países para os quais o Rio Grande do Sul exporta. Então, eu acho que a notícia é positiva. Haverá uma concorrência, mas acho que é saudável”, disse Valdecir Folador, presidente da associação.
O Brasil exportou 529 mil toneladas de carne suína em 2008. Quase a metade saiu do Rio Grande do Sul.