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Economia

Seagri e grupo chinês ampliam relações comerciais em 2012

As missões do governo baiano e a instalação de um escritório permanente em Pequim, que atua também no sentido de atrair investimentos para a Copa, ampliaram as possibilidades de negócio.

As relações bilaterais entre Bahia e a República Popular da China estão ainda mais fortes neste ano de 2012. As missões do governo baiano e a instalação de um escritório permanente em Pequim, que atua também no sentido de atrair investimentos para a Copa, ampliaram as possibilidades de negócio. Nos últimos dois anos, o secretário da Agricultura, o engenheiro agrônomo Eduardo Salles, o governador Jaques Wagner e comitiva realizaram missões às províncias de Chongqing e de Shandong, fazendo do Estado o principal destino de empresas chinesas interessadas no mercado brasileiro.

Dentre os resultados das inúmeras reuniões está a construção de uma das maiores esmagadoras de soja do mundo, no município de Barreiras, no Território de Identidade do Oeste. Com investimentos de R$ 330 milhões, a indústria Universo Verde, braço brasileiro da Chongqing Grain Group, deve ter as obras concluídas em até 18 meses. A expectativa dos investidores é processar 1,5 milhão de toneladas de soja por ano, gerando 300 empregos diretos e cerca de mil indiretos quando estiver em pleno funcionamento. Além do esmagamento do grão, o grupo chinês irá fabricar biodiesel, refinará óleo e fará extração de lecitina.

Como um dos importantes resultados das missões, e em retribuição às visitas do governo baiano, representantes chineses vieram à Bahia na primeira semana do ano para definir os últimos detalhes do início das obras, previsto para março. Capitaneada pelo superintendente de Atração de Investimentos da Secretaria da Agricultura (Seagri), Jairo Vaz, a reunião com o diretor da Universo Verde, Ma Chengkang, e representantes das secretarias de Infraestrutura, Indústria e Comércio e Relações Internacionais, na última quinta-feira (5), buscou ajustar os compromissos do Estado e da Prefeitura de Barreiras com os empresários. 

A reunião operacional contou ainda com a presença da prefeita de Barreiras, Jusmari Oliveira, do deputado federal Oziel Oliveira, além de representantes da Coelba e da empresa de projetos NJB. Dando continuidade ao dia de trabalho chinês, o vice-cônsul geral, Wang Xian, e o cônsul da China, Shen Jianwei, se reuniram com o secretário Eduardo Salles e o chefe de gabinete, Jairo Carneiro, para conhecer a política do governo estadual em relação aos investimentos estrangeiros. 

“Temos interesse em fazer uma cooperação em todos os aspectos. A Bahia é um estado forte na agropecuária e é uma das nossas maiores parceiras”, afirmou o vice-cônsul geral, entusiasmado com a possibilidade de avançar nas relações comerciais.

Aquisição de terras por estrangeiros

Salles lembrou aos representantes chineses que atualmente a Bahia é o maior receptor de investimentos do gigante asiático. O secretário ressaltou o bom relacionamento com a potência mundial, que possui um enorme mercado consumidor. “Somos o único Estado a ter um escritório na China e temos uma relação de irmandade com duas províncias – Shandong e Chongqing. Essa aproximação será ainda mais sólida e, com certeza, duradoura”.

Questionado sobre a compra de terra por estrangeiros, Salles demonstrou aos chineses o potencial de agroindustrialização da Bahia e afirmou ser contra a especulação imobiliária, mas a favor de investimentos estrangeiros no Estado. O secretário da Agricultura defendeu a ideia de que empresários que queiram apostar na agroindústria possam comprar terra suficiente para produzir metade da sua capacidade instalada de processamento. “Com isso, o Brasil ganha com a chegada de indústrias, agrega valor aos produto, gera empregos, proporcionando diversos benefícios ao País”.

Parcerias

Com a chegada do presidente da Chongqing Grain Group, Hu Ju Lie, na sexta-feira (6), foram realizadas reuniões de trabalho com o secretário e o superintendente da Seagri, das quais participaram também o vice-cônsul, Wang Xian, e o cônsul Shen Jianwei. Eduardo Salles falou sobre a possibilidade de parcerias com produtores e empresários baianos para agroindustrializar em todos os setores. Mr. Hu se colocou à disposição para firmar joint ventures – conjunto de empresas que, em alianças estratégicas, fazem acordos comerciais. 

As vantagens e oportunidades vêm sendo demonstradas ao longo de seis missões realizadas. Entre os resultados obtidos estão as possibilidades de investimentos chineses na Bahia nos segmentos têxtil, de energias renováveis, (biodiesel, solar, eólica e biomassa), da pesca, de carnes, dos grãos, do algodão, tratores e equipamentos para a agricultura familiar, e possibilidades de exportação de frutas industrializadas no Vale do São Francisco.

Shandong também vem à Bahia

Maior produtor de cacau, coco, manga, graviola e banana do país; segundo lugar na produção de algodão, laranja, frutas e borracha; e terceiro maior produtor de peixes, dentre outras culturas de destaque, a Bahia tem atraído a atenção dos chineses. Uma das províncias mais ligadas ao setor agropecuário, Shandong, representada pelo governador Jiang Daming, virá com uma comitiva de empresários ligados ao segmento agrícola, mineração e têxtil, em abril deste ano. 

Durante visita ao Estado, haverá rodadas de negócios e viagens para conhecer regiões produtoras, com a intenção de promover a cooperação econômica e comercial. Considerada “irmã da Bahia” há 12 anos, a província tem uma população estimada em 93 milhões de pessoas, metade da brasileira, e cerca de 60% da população vivendo na zona rural, principalmente da agricultura familiar e da pesca. 

Produtos da agricultura familiar invadem a China

Outro resultado importante das missões baianas à China é a presença dos produtos da agricultura familiar nos supermercados e nas mesas dos chineses. Geléias de umbu, goiaba, maracujá, produzidas em Uauá e Curaçá, cachaça prata e ouro de Abaíra, banana passa de Ibirapitanga, doce de leite de cabra de Valente, mel de abelha de Ribeira do Pombal, farinha de mandioca de Vitória da Conquista, azeite de dendê, massa para acarajé e vatapá de Salvador, dentre muitos outros produtos já são comercializados no país, e divulgados pelo escritório de negócios em Pequim, que dispõe de amostras, além de sala de degustação.