A modernização, a diversificação e o expressivo crescimento registrado pelo agronegócio brasileiro nos últimos 40 anos não foi acompanhado de igual sofisticação nos sistemas de financiamento, crédito e de seguros voltados ao setor. A necessidade de adaptação desses sistemas e até a criação de uma nova arquitetura creditícia é premente e deve dominar os debates durante o seminário “Instrumentos de Crédito e Seguro para o Agronegócio”, marcado para o dia 26 de abril, em São Paulo, e que é organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em conjunto com as Câmaras de Crédito e de Seguro Rural do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
De acordo com Alexandre Figliolino, diretor do Banco Itaú BBA, um dos palestrantes do seminário e coordenador do Comitê de Financiamento do Agronegócio da ABAG, toda a arquitetura de crédito rural ainda vigente no País, regulada pelo Sistema Nacional de Crédito Rural, data da década de 1960, estando, portanto, bastante defasada em relação à realidade atual do setor. “Temos hoje uma série de modelos de produção e cada um deles exige um tipo específico de financiamento e de proteção. A chamada agricultura empresarial, que inclui a área de grãos e a cana-de-açúcar, por exemplo, demanda uma modalidade de crédito e de seguro bem diferente do exigido pela agricultura familiar”, diz ele.
O palestrante lembra ainda que alguns modelos produtivos necessitam de arranjos creditícios com a participação dos sistemas governamental e privado, enquanto outros dependem mais de financiamentos exclusivamente de entidades estatais, como é o caso da chamada agricultura de subsistência. “Em função dessa grande variedade, necessitamos desenvolver uma nova arquitetura, inclusive nos aspectos jurídico e legal”, comenta Figliolino.
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Durante sua participação no Seminário da ABAG, ele também enfatizará a necessidade de se criar mecanismos de financiamento baseado em títulos e fundos, semelhantes aos que já existem em segmentos como o imobiliário e automotivo. Figliolino ainda destacará a importância de se criar o chamado “fundo de catástrofe” como forma de aumentar a confiança das seguradoras em assumir riscos que envolvem perdas decorrentes de eventos climáticos de grandes proporções. Ele entende, porém, que os Títulos Privados, criados em 2005, são excelentes instrumentos, que necessitam apenas de pequenos aperfeiçoamentos.
Para Figliolino, o tema seguro agrícola e fundo de catástrofe são hoje um dos mais importantes para o setor. “Às vezes sentimos que alguma evolução é observada, mas logo notamos retrocessos imperdoáveis”, diz o executivo, acrescentando que alguma evolução na legislação do Crédito Agrícola e Títulos do Agronegócio são absolutamente imprescindíveis. “A melhora na transparência das informações cadastrais dos nossos produtores também é muito bem vinda e só ajudará a tornar o sistema de crédito agrícola mais eficiente e seguro, e não tenho dúvidas que neste ambiente todos, financiadores e financiados, sairão ganhando”, complementa.
Em sua palestra no seminário da ABAG, o diretor do Itaú BBA enfatizará ainda a importância do recém-criado Comitê de Financiamento do Agronegócio e de como ele foi estruturado. “É emblemático termos conseguido unir, praticamente todos os elos da cadeia do agronegócio, em torno desse tema, mesmo estando o setor num momento bastante favorável, o que, normalmente, costuma desencorajar esse tipo de mobilização”, finaliza Figliolino.
O seminário da ABAG será aberto, às 13h30, pelo presidente da entidade, Luiz Carlos Corrêa Carvalho e por Caio Tibério Dornelles da Rocha, secretário de Política Agrícola do MAPA.
Confira a sequência de palestras:
14h – Apoio à Comercialização
Sérgio De Marco, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (ABRAPA) – (Coordenador)
Sávio Rafael Pereira, assessor do DEAGRI – MAPA – (Palestrante)
André Pessoa, sócio-diretor da Agroconsult Consultoria e Projetos
Carlos Favaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso – APROSOJA.
15h – Sistema de Financiamento
Alexandre Figliolino, diretor do Banco Itaú BBA – (Coordenador)
Antonio Carlos Ortiz, diretor de Rural Banking, do Rabobank International Brasil – (Palestrante)
Renato Macedo Buranello, sócio sênior da Demarest & Almeida Advogados – (Palestrante)
Ricardo Conceição, sócio-diretor da RiCon Consultoria e Assessoria
16h00 – Coffee Break
16h20 – Central de Risco e Seguro
Walmir Fernandes Segatto, superintendente Comercial do Banco Santander (C0ordenador)
Luiz Roberto Paes Foz, presidente da UBF Seguros – (Palestrante)
Ivan Wedekin, diretor de Commodities da BM&F Bovespa – (Palestrante)
Carlos Ratto, diretor executivo Comercial, Produtos, Marketing e Comunicação da CETIP.
17h30 – Comentários e Encaminhamentos
Luiz Antonio Pinazza, diretor técnico da ABAG – (Coordenador)
José Carlos Vaz, secretário executivo do MAPA
Marcio Buainain, professor do Instituto de Economia da Unicamp
João Sampaio, presidente do Cosag – Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp
Luis Carlos Guedes Pinto, diretor geral de Seguros Rurais e Habitacionais do BB Mapfre.
18h30 – Encerramento
Serviço:
Seminário “Instrumentos de Crédito e Seguro para o Agronegócio”
Data: 26 de abril de 2012 (5ª feira)
Local: Edifício Centenário Plaza (Robocop) – Av. das Nações Unidas, 12.995 – São Paulo
Horário: das 13h30 às 18h3o
O seminário será transmitido pela internet por meio do site http://www.safras.com.br/abag/
graças a uma parceria da ABAG com a Safras & Mercado.
