Redação (24/03/06)- O senador Jonas Pinheiro pediu “mais sensibilidade” à equipe econômica do governo para que sejam adotadas, com urgência, medidas de apoio aos agricultores que enfrentam prejuízos por causa dos baixos preços das commodities.
De acordo com o senador, por falta de um apoio efetivo do governo Federal à comercialização da produção agropecuária, muitos agricultores, “em total desespero”, estão aceitando vender sua produção “a preços aviltantes” e recorrendo a empréstimos bancários com taxas de juros de até 32% ao ano – a inflação projetada para os próximos 12 meses está próxima de 4,5%. Ele acha que esses empréstimos dificilmente serão pagos pelos produtores, pois juros tão elevados inviabilizam qualquer produção rural.
Para o senador Jonas Pinheiro, a queda dos preços internos das commodities, a elevação dos custos de produção, a exorbitância das taxas de juros, as restrições à concessão de crédito rural e à renegociação das dívidas dos produtores e um câmbio extremamente desfavorável são as principais causas do prejuízo do setor.
No Mato Grosso, destaca Pinheiro, os baixos preços em reais levaram a uma redução da área plantada que chegou a 1,5 milhão de ha, da safra 04/05 para a 05/06. No caso do algodão, a área de plantio caiu 30%. A de arroz chegou a mais 60%.
O senador ressaltou que as estimativas de lucratividade que têm sido feitas para a presente safra são negativas, demonstrando prejuízo iminente, uma vez que, na outra ponta, a previsão dos custos de produção das principais culturas, como a soja, o algodão, o milho e o arroz, tem demonstrado que esses custos serão maiores do que a receita que os produtores poderão contabilizar após a colheita. A valorização crescente do real frente ao dólar tem um peso importante. Se, na safra 04/05, o dólar já havia desvalorizado cerca de 40% entre a época de compra dos insumos e a época de venda da produção, na atual safra, a defasagem está muito mais acentuada.
Na época de compra dos insumos da atual safra segundo semestre de 2005 -, o dólar estava cotado em torno de R$ 2,40. Agora a previsão é de que, na época de venda da produção ele esteja abaixo de R$ 2,10, ou, até mesmo, abaixo de R$ 2, como sinalizam alguns analistas econômicos. Haverá, outra vez, um novo descasamento entre os preços pagos pelos insumos e o valor recebido pela produção, o que afeta diretamente a lucratividade da atividade, argumenta.
A situação se torna mais crítica para os sojicultores porque só o frete, para levar o produto até o porto de exportação, abocanha 30% do custo de produção. Segundo Jonas Pinheiro, os sinais da crise também se tornaram muito evidentes por causa da inadimplência de muitos produtores junto aos agentes financeiros, tanto oficiais quanto privados.