O ano começa com boas expectativas para os produtores de aves de corte e pintainhos. Após enfrentar uma crise que se arrastou por mais de seis meses, a cadeia produtiva dá sinais de recuperação. Hoje, com a oferta menor do que a demanda, os preços começaram a subir. No caso dos pintos de corte, que chegaram a ser comercializados por R$ 0,55 em 2012, os preços quase dobraram no início de 2013. Na média nacional, a unidade está sendo vendida por R$ 0,95 e, em breve, pode passar de R$ 1,00 segundo estimativas da Apinco – Associação Brasileira de Produtores de Pinto de Corte. “Os preços de hoje são os mesmo praticados no início de 2012. Mas por causa da falta do produto no primeiro semestre, vai haver um ajuste de mercado”, comenta José Carlos Godoy, secretário-executivo da associação.
Godoy explica que a redução no número de matrizes provocou, consequentemente, uma queda na capacidade de produção de pintos de corte. Hoje o Brasil tem condições de produzir, no máximo, 500 milhões de pintainhos por mês, enquanto em dezembro de 2011 a produção, que foi recorde, chegou aos 550 milhões. Para o secretário executivo da Apinco, essa quantidade só será possível novamente em longo prazo. E não só porque muitas matrizes foram abatidas precocemente, mas, sobretudo, por falta de capital de giro, já não houve reposição adequada do plantel. “A situação só começa a voltar ao normal quando os produtores readquirirem as condições financeiras para repor o plantel anterior”, afirma.
A consequência é que em 2013 a capacidade de produção será semelhante à demanda ou até menor na visão da Apinco. Mesmo assim o cenário positivo para o setor já que os preços estarão em alta.
Esta tendência de recuperação de preços e queda de oferta de produtos já foi percebida na maior produtora de ovos férteis e pintos de um dia da América Latina, a Globoaves. O presidente da empresa, Roberto Kaefer, destaca que este cenário traz para a avicultura uma conjuntura de estabilidade em razão do equilíbrio entre oferta e procura de produtos. “Entendemos que as empresas estão conseguindo se reorganizar para um novo ciclo de desenvolvimento que está se iniciando, seja no setor de pintos e ovos férteis, assim como no setor de carnes”, destaca.
Frangos de corte
Segundo a Ubabef, União Brasileira de Avicultura, a produção de carne de frango foi de 12,645 milhões de toneladas no ano passado, o que representa uma queda de 3,17% em relação a 2011. Desaceleração causada pela alta dos insumos e da crise de crédito que acabou levando muitos produtores a reduzirem a produção e até mesmo a encerrar a atividade. A diminuição de frango no mercado promoveu uma adequação entre oferta e procura, elevando os preços. Com isso, o segmento também começou 2013 mais otimista.
Segundo Érico Pozzer, presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), o ajuste de mercado teve início no ano passado. Entre outubro e dezembro, a diminuição da oferta fez com que os preços subissem a um patamar em que o faturamento cobria os custos, porém não havia lucro para o produtor. Ele diz que hoje a produção está controlada e a tendência é que este ano o preço de venda do frango seja melhor do que no ano passado. No estado de São Paulo, em março do ano passado o quilo do frango vivo foi vendido a R$ 1,80, enquanto neste mês chegou a ser comercializado em R$ 2,35. Segundo o empresário Roberto Kaefer, presidente da Globoaves, alguns negócios chegaram a ser fechados a R$ 3,00.
Para o presidente da APA, com o valor da carne mais cara, o produtor está conseguindo se reerguer, mesmo comprando pintainhos com valores bem superiores aos praticados em 2012. Mas os produtores estão tendo que se sustentar com capital de giro próprio. “Os bancos só emprestam para quem tem muita garantia. Com isso, os pequenos e médios produtores acabam ficando sem crédito para produzir mais”, comenta.
Paraná
No Paraná, maior produtor e exportador de frangos de corte do país, o otimismo com relação à recuperação do setor também prevalece. Segundo o presidente do Sindiavipar – Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná, Domingos Martins, o segmento fez a lição de casa e está conseguindo superar a crise devido a sua organização. Segundo ele, mesmo com a turbulência enfrentada no ano passado, algumas empresas paranaenses se fortaleceram, investiram em novos negócios e novos mercados.
De acordo com o presidente do Sindiavipar, o ajuste de mercado que está ocorrendo nas últimas semanas já contribuiu para a melhora do preço de comercialização do quilo do frango. “Toda a cadeia está sendo beneficiada pela lei da oferta e da procura, desde o produtor de pintainhos até a indústria. Já está sendo possível trabalhar com certa margem de lucro”, comenta.
Domingos aposta no fato da carne de frango ser proteína de origem animal mais acessível para manter as vendas em alta e ressalta que as lideranças do setor aguardam por medidas, por parte do Governo, para evitar a redução na produção e o repasse de preços ao consumidor. “O governo deve usar todas as ferramentas que dispõem para olhar para essa cadeia tão importante para a economia brasileira. O setor avícola emprega uma enorme quantidade de pessoas, mantém efetivamente a população no campo. Só no Paraná é responsável por 660 mil empregos”, observa.