Industrializada e internacionalizada, a avicultura brasileira – a mais produtiva e com menor custo de produção do mundo – discute, semestralmente ou em períodos menores, os rumos do setor frente a alguma crise (ora de insumos para a produção e industrialização, ora de câmbio, ou de demanda e oferta, ambiental, sanitária, técnica, de reprodução, de mercado, política, econômica entre outras). Apresentar competência na solução dessas crises é a atração da avicultura nacional, através de suas lideranças, seja no setor privado ou público, defendendo, sempre, temas relevantes para toda a cadeia produtiva. É preciso ressaltar que desde setembro de 2008 a produção avícola busca soluções frente à crise internacional. Fomentar soluções para a produção, industrialização e mercado avícola será sempre uma rotina para todos os atores da cadeia.
Na segunda quinzena de agosto último, estive participando de um evento avícola no Paraná e neste encontro, além do programa pré-agendado, tivemos algumas reuniões com discussões interessantes ao setor.
A avicultura é responsável por 1,5% do PIB nacional, envolvendo mais de cinco milhões de empregos diretos e indiretos. O frango é hoje a carne mais consumida pelo brasileiro, com quase 40 kg per capita e o quarto produto da pauta exportadora do agronegócio. O setor é extremamente forte, mas o momento é de cautela. Por isso, encontros como este para o setor tornam-se fundamentais como momento único para a tomada de decisões e reflexão em busca de saídas para os atuais desafios da produção nacional.
Em julho, havia uma empolgação com o aumento das exportações e os preços se mostravam animadores. Porém, isto não se concretizou em agosto, em razão de alguns fatores como a não confirmação dos números de exportação, incidência da gripe A – dando continuidade às férias na rede escolar brasileira – e a superação do alojamento em 500 milhões de pintainhos, o que leva a um descompasso entre oferta e demanda.
Neste mês de setembro completamos um ano do início da crise econômica internacional, crise essa sem precedentes ao setor de carnes. E, passado um ano, as soluções individuais da gestão das empresas foram tomadas ou encaminhadas. No entanto, como iniciei o artigo, parece que não sabemos viver sem crises e, rapidamente, colocamos um volume de produção acima da capacidade de demanda, tendo que ter uma solução rápida para garantirmos o resultado do segundo semestre do ano. Indago aos leitores: qual é a sua opinião sobre o assunto?
Por Valter Bampi, médico veterinário e executivo avícola