O setor de carnes voltou a reclamar com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, da falta de auditores fiscais agropecuários nos frigoríficos e do atraso na implementação de mudanças no sistema de inspeção animal anunciadas em 2017. Em reunião ontem com o ministro em Brasília, empresários e dirigentes de entidades que representam companhias do ramo também cobraram mais agilidade no processo de reabertura do mercado russo às carnes bovina e suína.
E destacaram a redução das exportações de carne de frango para a União Europeia, ainda como reflexo da Operação Carne Fraca. “Estamos muito preocupados com a demora das medidas. Tudo o que não é exportado fica no mercado interno e derrete preços, aniquila a capacidade financeira das empresas e compromete o consumo interno”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, que participou na reunião. “O ministro está cheio de boa vontade, mas as dificuldades estão deixando o setor extremamente aflito, nervoso, e algumas empresas estão até pensando em programar férias coletivas para poder superar essa situação”, acrescentou.
Maggi reconheceu que há falta de pessoal para atuar na fiscalização e disse que há expectativa de que os 300 médicos veterinários contratados por concurso público comecem a trabalhar em março. Outros 300 temporários já estão atuando desde o fim de 2017, mas frigoríficos também se queixam de que esses profissionais não têm autoridade para assinar certificados de exportação. Além disso, muitos ainda estão em treinamento.
No início do mês, as catarinenses Aurora e Pamplona enfrentaram dificuldades para exportar carne suína para os chineses em razão da combinação entre o período de férias de alguns fiscais e a aposentaria de outros. Em decorrência disso, as empresas sofreram com acúmulo de carga, como o Valor informou.