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Consumo

Setor de orgânicos projeta crescimento de até 30% em 2018

Em 2018, o Brasil terá crescimento em torno de 20% de novos produtos e caso a cadeia animal se desenvolva poderá chegar a 30%

Setor de orgânicos projeta crescimento de até 30% em 2018

Na avaliação do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), o setor de orgânicos deverá registrar crescimento em 2017, tanto no mercado interno como no mercado externo, que continuará aquecido com crescimento de dois dígitos nos Estados Unidos e em torno de 6% na Europa.  Em 2018, o Brasil terá crescimento em torno de 20% de novos produtos e caso a cadeia animal se desenvolva poderá chegar a 30%.

“Passamos mais um ano com um setor que cresce pela forte demanda por produtos saudáveis e sustentáveis, maior percepção de produtos lançados com maior valor agregado e de novos empreendedores, que aumenta a cada dia. O Brasil ainda não dispõe de dados estatísticos de área certificada e de produção, mas apenas de unidades produtivas registradas, e este número vem crescendo a cada ano. Atualmente o Mapa lista cerca de 17.000 unidades produtivas cadastradas, número que aumentou cerca de 20% do ano passado. Verificamos, também, interesse de novos investidores e fundos de investimentos nacionais e internacionais buscando valores e retornos que tenham a sustentabilidade como foco para negócios de médio e longo prazo”, explica Ming Liu, diretor do Organis.

Segundo a entidade, o mercado externo continua a pleno crescimento e a previsão é de fechar 2017 perto de US$150 milhões de dólares em exportações, no grupo de 50 associados do Organis. “As empresas associadas ao Organis representam já faturamento de cerca de R$ 2,5 bilhões de reais, sendo que grande parte tem em sua linha produtos convencionais e orgânicos, mas a cada ano a fatia de produtos orgânicos vem crescendo a taxas mais altas do que as linhas de produtos convencionais”, explica Ming Liu.

No Brasil, além dos orgânicos, os segmentos de produtos naturais e de nutracênicos têm crescido muito, como explica o diretor do Organis: “Certamente os orgânicos estão dentro do radar de qualquer consumidor mais consciente, mas não é o único segmento. Atualmente conceitos como produtos naturais, sustentáveis, funcionais, e os produtos livres de glúten, lactose, transgênicos, enfim, são “bandeiras” que qualquer empresa no segmento de alimentação tem que estar presente. Não sobreviverão empresas que não esteja em compasso com o que o consumidor procura”, ressalta Ming Liu.

Um ponto muito positivo para os negócios é que os fundos de investimento têm se aproximado do setor. “Os orgânicos e naturais são a bola da vez. Há, porém, uma situação diferenciada: os fundos sempre procuram empresas que estejam na faixa de faturamento mínimo de R$20 milhões/ano, que limita a poucas empresas que podem ser compradas ou investidas. A maioria das empresas são muito pequenas e ainda em estágio incubatório, há ainda muita informalidade e falta de escala. Esperamos que este processo entre na nossa realidade, pois grandes empreendedores, com ideias inovadoras, estão em um nível de faturamento abaixo de R$10 milhões/ano. Cabe a nós do setor orientar para que olhem para empresas menores, pois o mercado não é o mesmo nos países mais desenvolvidos e que tem um processo regulatório de mais tempo”, considera Ming Liu.

Para o Organis, a entrada das multinacionais no mercado de orgânicos no Brasil é positiva e segue a mesma tendência dos mercados mais maduros, porém os alvos de fusões são bem menores e em grande parte micro e pequenos empreendedores. “Para o setor acho que é importante à entrada de empresas maiores, pois este será um fator para aumentar a escala na cadeia produtiva”.

E os desafios para 2018? Ming Liu acredita que organizar o setor continua sendo imprescindível: “Precisamos que haja mais união no setor em suas cadeias primárias e secundárias e de serviços. Precisamos ter estatísticas primárias de produção, conhecer quem são os atuantes na produção, comercialização e processamento desse mercado, em tamanho e segmento, e como podemos criar políticas públicas e estratégias de desenvolvimento da cadeia. O setor já tem um grande número de formadores de opinião que disseminam os valores e conceitos, como: nutricionistas, médicos, ambientalistas, artistas, esportistas, enfim, formadores de opinião relevantes. Precisamos também atuar mais próximo ao consumidor. Educar, educar e educar. Os produtos orgânicos já estão sendo comercializados por quatro principais canais de acesso ao mercado: as tradicionais redes de varejo convencional, que a cada dia aumenta a oferta de produtos de forma segmentada ou quando o produto é industrializado junto com produtos convencionais; lojas especializadas individuais ou na forma de franquias de lojas de produtos naturais e orgânicos; venda direta por feira (há mais de 600 feiras de produtos orgânicos no país) e, por último, a modalidade de entrega de cestas a domicílio ou venda por internet”.

O Organis, como entidade representativa do setor, fecha o ano com saldo positivo: realizou a primeira pesquisa do perfil do consumidor orgânico no Brasil, identificou quais são as cidades mais conscientes para o consumo e como percebem o movimento orgânico sob ponto de vista mercadológico. A entidade tem representação no Ministério da Agricultura, no Consea, além de encabeçar ações comerciais e institucionais em nível nacional.