O setor produtivo de carne suína cria nesta sexta-feira (06/11), em Santa Catarina, o Instituto Nacional de Carne Suína (INCS), organização que pretende unir os pequenos e médios frigoríficos e os produtores independentes para uma atuação conjunta, que prevê desde a troca de experiências para melhorias de processos até compras conjuntas de insumos e a criação de um selo de qualidade. A ideia é unir forças em um momento de preços adversos determinados pela queda de demanda no exterior e, consequentemente, excesso de carnes no mercado nacional.
“O instituto criará uma identidade conjunta para produtores independentes e frigoríficos de pequeno e médio porte, que não fazem parte da cadeia das grandes indústrias, ou seja, que estão hoje ao largo dessas”, afirmou Wolmir de Souza, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), que encabeça a iniciativa.
O INCS tem planos de lançar um selo de qualidade similar ao selo do café da Abic, incentivar a diversificação de produção, promover uma atividade ambientalmente correta e buscar cortes de alto valor agregado. Também quer realizar uma campanha nacional de marketing para estimular o aumento do consumo de carne suína no País – que está em torno de 12 quilos per capita por ano, menos da metade do consumo europeu.
A intenção é fortalecer os pequenos, aproveitando a conjuntura atual. “Quanto mais o setor se concentra, mais sobra espaço para o pequeno produtor no mercado nacional”, entende Souza. Na opinião dele, fusões como a de Perdigão e Sadia têm o foco na melhora de competitividade dessas empresas, principalmente no exterior, o que abre oportunidades para pequenos e médios atuarem com mais força no mercado nacional.
Só em Santa Catarina, são cerca de 2 mil produtores independentes e 170 pequenos e médios frigoríficos que poderão fazer parte do projeto. O INCS também deverá prezar pelos interesses de produtores independentes e frigoríficos de pequeno porte dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
O INCS conta com o apoio do Sebrae de Santa Catarina e do Sebrae nacional, além de Embrapa, Federação Agrícola de Santa Catarina (Faesc), Top Carnes (empresa de consultoria para frigoríficos) e Decisão Propaganda. Parcerias com universidades para pesquisa também estão sendo discutidas.
Enio Parmeggiani, coordenador do Sebrae no oeste catarinense, diz que a primeira ação concreta do instituto será mapear o perfil dos frigoríficos de pequeno porte existentes nos Estados produtores.
O projeto, que ficará sediado na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), no município de Biguaçu, conta com recursos iniciais de R$ 300 mil do Sebrae-SC, mas, segundo Souza, outras verbas estão sendo discutidas como apoio da Finep e Ministério da Agricultura. O instituto também será financiado por uma taxa por abate que será cobrada do setor, cujo percentual ainda não foi revelado.