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Exportação

Situação inversa

<p>Enquanto a Rússia anima exportador de suíno, as Filipinas não abrem mercado e frustram.</p>

A Rússia habilitou oficialmente ontem dois frigoríficos de Santa Catarina – um da Cargill e outro do Pamplona – para exportação de suínos, após mais de três anos de embargo. A habilitação foi de um número pequeno de unidades, considerando que nove frigoríficos estavam na lista do Ministério da Agricultura enviada aos técnicos russos para avaliação.

“A expectativa era maior porque sabemos que as demais plantas também têm condições de exportação, até porque já vendem para outros mercados e no passado também venderam aos russos”, afirmou Ricardo Gouvêa, diretor do Sindicarnes-SC, que representa os frigoríficos no Estado.

A Rússia embargou o Estado em dezembro de 2005, após os registros de focos de aftosa no Paraná e em Mato Grosso do Sul. A trava foi retirada há alguns meses, mas ainda não havia sido oficializada a habilitação de plantas industriais, que permite os embarques na prática. Na última viagem à Rússia, no início do mês, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, negociou a habilitação das unidades.

As duas plantas aprovadas pelos russos são de empresas que não têm unidades no Rio Grande do Sul, por onde as demais companhias – Sadia, Perdigão e Coopercentral Aurora – passaram a exportar suínos aos russos desde o embargo. “Os russos quiseram proteger sua produção própria e seus demais parceiros comerciais, evitando habilitar as unidades com maior volume de produção”, afirmou uma fonte do setor.

A planta da Cargill habilitada está situada em Seara. A unidade do Pamplona está em Rio do Sul. Julio Franzoi, diretor comercial do Pamplona, disse que esperava pela habilitação mas que ainda não tem ideia de quanto poderá exportar aos russos. “Devido às cotas, será bem menor do que o volume que fazíamos antes do embargo”. A Cargill não se pronunciou.

Em nota, Inácio Kroetz, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, afirmou que “a reabertura do mercado de suínos de Santa Catarina para a Rússia reflete a relação de confiança entre os serviços veterinários dos dois países, tendo em vista que, pela primeira vez, a aprovação ocorre sem a inspeção de técnicos russos in loco”. De acordo com Gouvêa, a expectativa é que as demais sete plantas não-habilitadas sejam aprovadas nos próximos dias. E para Wolmir de Souza, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), a habilitação das duas primeiras já poderá elevar o preço ao produtor.

A Rússia já foi o principal parceiro comercial dos suínos produzidos em Santa Catarina. Em 2005, as exportações totais do setor somavam US$ 484,6 milhões, sendo US$ 386,2 milhões para os russos. Nos últimos anos, por conta do embargo, Ucrânia, Hong Kong e Cingapura foram os grandes clientes.

Também ontem, a visita ao país da presidente das Filipinas, Gloria Arroyo, frustrou os produtores e exportadores de suínos. O secretário filipino de Agricultura, Arthur Yap, foi contra a abertura do mercado do país asiático ao produto brasileiro. “Ele destruiu as relações comerciais bilaterais”, afirmou o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto. “Tanto tempo de negociação e uma viagem da presidente não valeram de nada”. O mercado filipino absorve 10 mil toneladas de suínos por ano, mas significaria um atestado de qualidade ao produto nacional na Ásia.