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Economia

Situação política agrava os reflexos da forte seca na Argentina

Situação política e seca prejudicam o agronegócio do país vizinho. Governo quer controlar o comércio da produção agrícola.

O governo argentino tirou das seis bolsas de cereais do país o poder de registro da comercialização de grãos e concentrou-os na Afip, a Receita Federal local. É mais um passo no sentido de controlar o comércio da produção agrícola depois do recuo na estatização pura e simples, cogitada há dois meses, mas criticada até por aliados do casal Nestor e Cristina Kirchner, que governam o país desde 2003.

Há um ano os produtores rurais da Argentina mantêm uma queda de braço com o governo pela redução de um imposto de 35% sobre as exportações de soja. Nenhum dos dois lados cede, as negociações estão paradas e, pela incerteza sobre os resultados da disputa, os agricultores reduziram o investimento em tecnologia que poderia ter compensado os efeitos da seca.

Apesar de terem derrubado no Congresso uma lei que aumentava ainda mais o imposto, os agricultores vêm perdendo terreno para o governo. Recentemente foi suspensa a cobrança de uma taxa que financiava uma das principais entidades políticas do setor e em seguida proibida a importação de soja em grãos do Paraguai e da Bolívia, que geralmente abastecem o polo de esmagamento e exportação em Rosário.

Com essas duas medidas, além de cortar o financiamento às atividades políticas, o governo obrigou os produtores a venderem seus estoques de soja, estimados em nove milhões de toneladas. O objetivo é aumentar o volume de divisas do país e reduzir a pressão sobre as cotações do dólar.

Os agricultores dizem que os estoques são de apenas cinco milhões e são “capital de giro”, uma reserva para vender à medida que necessite recursos para seguir com a atividade até que os preços melhorem. A despeito da diferença dos números, o fato é que a soja guardada em silos havia virado uma arma dos produtores contra o governo.