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Sobra crédito para investimento rural

<p>Desembolsos de recursos oficiais caem 42% nos primeiros meses da safra 2005/06.</p>

Da Redação 25/11/2005 – A crise de renda dos produtores brasileiros de grãos neste ano está segurando a demanda por crédito rural oficial destinado a investimentos na safra 2005/06, o que comprova que esta será uma temporada marcada pela cautela.

Os desembolsos dos oito programas de investimento do Ministério da Agricultura caíram 42% entre julho e outubro (os três primeiros meses do ciclo 2005/06) em relação ao mesmo período da safra 2004/05, encerrada em junho.

Até agora, foram gastos R$ 1,694 bilhão dos R$ 11,2 bilhões orçados no Plano de Safra. Em toda a temporada 2004/05, foram desembolsados R$ 7,985 bilhões para investimento, ante os R$ 10,7 bilhões reservados pelo governo para este fim.

Ivan Wedekin, secretário de Política Agrícola do ministério, aponta a redução de até 2,8 milhões de hectares de área plantada (6%) na nova safra e o alto endividamento carregado pelos produtores como os principais fatores para o fraco desempenho dos investimentos.

“Houve uma queda de margem bruta e de liquidez para bancar investimentos na nova safra”, diz. Ele lembra que os produtores atrasaram as compras de insumos e adquiriram somente o material essencial para plantar. “Estão em compasso de espera. Não compraram adubos de cobertura nem defensivos”.

Houve também uma considerável inadimplência no setor, estimada em 20%, o que impediu muitos produtores de contratar novos créditos. Com isso, a correção de solos e a renovação de pastagens, comuns em anos de bonança, foram riscadas das prioridades do setor.

Comprar máquinas agrícolas novas, símbolo dos bons tempos, nem pensar. Só escaparam os segmentos de café e cana-de-açúcar. As cooperativas e os segmentos de suínos e aves destoaram e mantiveram o ritmo de investimentos.

Wedekin aposta em leve melhora do cenário em caso de manutenção das atuais condições climáticas e de preços internacionais. As feiras agrícolas, concentradas entre abril e maio de 2006, também podem ajudar. “Mas certamente não chegaremos ao volume orçado”, conclui.

Uma análise mais detalhada do desempenho orçamentário do investimento mostra que os problemas estão concentrados no Moderfrota (programa de financiamento de tratores e colheitadeiras), Moderagro (solos e pastagens) e Moderinfra (armazéns e irrigação).

Entre os meses de julho e outubro deste ano, os desembolsos do Moderfrota caíram 55% sobre igual intervalo de 2004, para R$ 474 milhões. No Moderagro, a redução foi de 48%, para R$ 134 milhões, e no caso do Moderinfra a retração chegou a 12%, para R$ 134 milhões. Os programas para as cooperativas (Prodecoop) e para os segmentos de aves e suínos (Prodeagro) cresceram entre 20% e 22%.