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Sorriso investe em diversificação

<p>Campeã da soja, a cidade mato-grossense quer aliviar dependência que sua economia tem da colheita da oleaginosa.</p>

Sorriso (MT), a cidade, tem uma dádiva. Ela é a maior produtora de soja do mundo. E não é como se fosse a campeã planetária na produção de figos, ou margaridas, ou codornas. A soja é o mais importante produto na pauta de exportações do agronegócio brasileiro.

Mas Sorriso tem também um dilema. Do alto de suas terras valorizadas, de sua organizada estrutura urbana, de seu invejável Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o maior de Mato Grosso, ela não consegue reduzir a dependência que sua economia tem da colheita da oleaginosa.

O arroz já teve peso mais relevante em sua agricultura, mas as variedades que melhor vingaram em suas terras deram-se bem apenas em áreas recém-abertas. Hoje, a cultura ocupa pouco mais de 1% da área agrícola da cidades. Um dos tantos planos B é o do trigo. Nos testes, o cereal conseguiu boa produtividade em pivôs irrigados, mas nada ainda remunerador.

O algodão perdeu apelo na disputa pela safrinha por conta da queda dos preços internacionais. Safrinha, em Sorriso, é feita basicamente com milho, grão que chegou a ser estocado a céu aberto neste ano no estado por conta da sobreoferta. Girassol e feijão mantêm-se marginais na atividade agrícola do município, a despeito de planos de ampliação de área.

Mesmo a cadeia de produção de soja tem suas limitações – Sorriso, a campeã mundial de soja, tem apenas uma esmagadora do grão, e de pequeno porte. O início de uma redenção poderia ter ocorrido com a uma unidade da Bunge. Os planos originais da multinacional eram de construir uma esmagadora em Sorriso, segundo os relatos na cidade. A companhia mudou a rota e levou a planta, inaugurada em junho, para Nova Mutum.

“Estamos longe do mercado consumidor e a logística é terrível”, resume Elso Pozzobon, presidente do Sindicato Rural do município. “E, na soja, estamos no limite máximo do que podemos obter de produtividade. O desafio agora é reduzir custos operacionais”.

A cidade tenta atrair projetos ligados à indústria de carne para, ao menos, dar maior vazão ao milho colhido lá. “Em vez de levarem três carretas de milho pra fazer ração em outro lugar, podem levar apenas uma de carne processada”, diz o secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo, Claudio Zancanaro. Evidência do dilema: por conta da crise econômica, o Grupo Sperandio pôs em banho-maria o projeto de construção de um frigorífico na cidade.