O status sanitário livre de epidemias e a oferta ajustada à demanda interna são as bases para sustentar uma boa margem para a suinocultura brasileira no terceiro trimestre de 2014. Estas são as principais conclusões do “Relatório Trimestral do Rabobank sobre Suinocultura Global” para o setor no Brasil.
Segundo o documento disponibilizado pelo banco, os preços internos iniciaram uma tendência de alta no começo do terceiro trimestre de 2014 por conta de um consumo interno favorecido pela Copa do Mundo, número de abates 1,4% menor na comparação entre os primeiros trimestres de 2013 e 2014 e os altos preços de produtos concorrentes como a carne de frango ou bovina.
Apesar de um recuo de 4% nas exportações no período de janeiro a maio, o valor arrecadado com os embarques de carne suína foi 16,5% maior nos cinco primeiros meses de 2014 em relação ao mesmo período ano anterior. A alta dos preços internacionais refletem a baixa oferta global do produto por conta dos surtos de PED na América do Norte, principalmente.
Os exportadores de carne suína no Brasil também se beneficiaram do embargo Russo aos produtores da União Europeia, que foi motivado pela identificação de focos de Febre Africana de Suínos (ASF) na Lituânia e na Polônia. Assim, a Rússia voltou a ser o principal destinos dos embarques brasileiros. Este quadro permaneceria favorável ao Brasil mesmo com suspensão parcial do bloqueio russo.
No mercado doméstico, que demanda 85% da produção brasileira, o setor projeta que os preços e o consumo seguirão firmes e com pouca volatilidade até setembro. Inclusive, frisa o Rabobank, são esperados aumento das vendas durante os meses mais frios no Brasil, bem como custos de grãos mais baixos em relação ao ano passado.
O banco reafirmou que os números de produção e exportação do Brasil neste ano devem ser próximos aos observados em 2013, o que pode repercutir na recuperação de um fraco primeiro semestre. Os altos preços no mercado internacional e um consumo interno em crescimento devem suportar os preços domésticos como ocorreu nas últimas semanas.
Mercado externo
O preço internacional da carne suína está em direção a um recorde para um 3º trimestre. O impacto da PED em países exportadores, especialmente EUA, sugerem que o produto seguirá com recordes de cotação, inclusive, nos últimos meses do ano. Segundo o analista do Rabobank, Albert Vernooij, nos EUA, México, Japão e Coreia do Sul, a pergunta é: “De onde virá a carne suína?”.
“Nesses países, a queda dos estoques, assim como dos custos de alimentação devem aumentar a rentabilidade dos produtores. Em contrapartida, as margens dos processadores serão pressionadas pela forte concorrência”, ponderou.
Enquanto os EUA ainda podem minimizar o impacto da doença com aumento dos preços dos suínos, que subiu cerca de 5% no último ano, a crescente escassez de carne de suína pressiona para cima os preços de importação em países como México, Coreia do Sul e Japão.
No México, o preço da carne suína subiu cerca de 25% e pode subir ainda mais. Também sentiu-se um impacto significante no Japão, onde a importação é relativamente cara, se comparada com outros países importadores devido ao baixo valor de sua moeda, o yen. Com a oferta de carne também sob pressão, os processadores japoneses podem ter seu abastecimento prejudicado.
Já na União Europeia e China, os preços podem subir mas sem atingir os patamares de outros países. Para a China, a projeção futura para o mercado suinícola parece mais positiva após um começo bem difícil em 2014.
Os preços da carne no mercado chinês devem continuar nos mesmo patamares atuais na maior parte desse terceiro semestre, mas vai haver um pequeno aumento norteado pelo aumento da demanda regional e o pequeno estoque após os abates feitos nos últimos meses. Isso será apoiado pelo fornecimento limitado de importações que acirrará a competição e manterá os preços em alta.
Sendo a única região com carne suína suficiente disponível a preços razoáveis, a projeção para as exportações da União Europeia permanece positiva. No entanto, isso não será suficiente para compensar a baixa exportação dos países do centro e do leste europeu. A proibição de importações da Rússia continua como fator decisivo para os níveis dos preços.
“Com o impacto contínuo da PEDv até 2015, as projeções para a indústria suína mundial permanecem positivas em termos de preço. O principal coringa é manter a disciplina do abastecimento, pois muitos agricultores buscaram ampliar sua produção impulsionados pelos baixos custos de alimentação e pela alta rentabilidade”, concluiu Vernooij.