Da Redação 01/11/2005 – O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse que o sucesso da reunião de dezembro da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Hong Kong, vai depender muito de uma proposta menos conservadora da União Européia (UE) sobre os subsídios agrícolas. Para Rodrigues, a proposta mais interessante até agora foi feita pelo G-20, grupo de países em desenvolvimento criado em agosto de 2003, na fase final de preparação para a conferência da OMC em Cancún. O grupo concentra a sua atuação em agricultura, tema central da agenda de desenvolvimento de Doha.
Os americanos fizeram uma posição bem mais liberal e até mais liberal do que o próprio G-20 havia feito em termos de cortes. Já a UE fez uma proposta muito abaixo do que o G-20 havia colocado disse o ministro que participa de seminário em São Paulo.
Rodrigues explicou que a posição dos países em desenvolvimento deve ganhar destaque na reunião de Hong Kong. O objetivo do encontro de Hong Kong é impulsionar um avanço dentro das negociações da Rodada de Doha, para concluí-la até o final de 2006. Segundo o ministério da Agricultura, enquanto os países desenvolvidos concedem, em média, 30% de subsídios aos agricultores, o Brasil dá apenas 3% de apoio fiscal ao setor.
O Brasil é um país no qual os subsídios agrícolas são de apenas 3% sobre o faturamento dos agricultores: uma coisa insignificante.E, apesar de pouquíssimo subsídio, o Brasil é altamente competitivo. Imagina se tivesse uma abertura comercial consistente, com redução de tarifas, de estímulos à produção e a exportação. Imagina se tivéssemos uma questão cambial mais favorável. Ninguém seguraria a agricultura brasileira afirmou Rodrigues.
Internamente, o problema para os agricultores brasileiros são as altas taxas de juros e o dólar desvalorizado, que prejudica as exportações. No seminário, representantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reclamaram da atual polícia econômica. Para Ivan Wedekin, Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, a agricultura brasileira é muito afetada pela taxa real de juros, uma das mais altas do mundo. Além disso, reclamou, há muita volatilidade do câmbio.
O ministro admitiu que as questões macroecômicas afetam a rentabilidade do setor e a condição de liberdade comercial. Segundo ele, “é evidente que taxas de juros muito altas, como afirmou Ivan, inibem o setor e criam mais problemas para o produtor rural”.