No município de São Gabriel D’Oeste, no Mato Groso do Sul, 11 das 132 famílias do assentamento Campanário aderiram à suinocultura e já atingiram uma renda maior do que a conseguida com o cultivo da soja, comum na região.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), os criadores que obtiveram boa conversão alimentar e perda de 2% devido a morte ou doenças receberam R$ 17 de lucro por cabeça nos lotes negociados em maio. Assim, um rebanho de mil unidades gerou R$ 16,7 mil, ou R$ 4 mil por mês. Como cada chiqueiro ocupa um hectare, o restante da área ainda pode ser utilizada para gado ou lavoura.
Em contrapartida, a lucratividade média da soja ficou em 15 sacas por hectare no município, segundo a Agência Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural (Agraer) de São Gabriel do Oeste. Como as parcelas do projeto Campanário possuem 20 hectares e a cotação atual é de R$ 32 a saca, um assentado poderia conseguir, no máximo, R$ 9,6 mil líquidos por safra de 130 dias, cerca de R$ 2 mil por mês.
A forma encontrada pelo assentamento para promover a criação de suínos foi a produção integrada, conforme afirma o presidente da Associação Campanário de Agricultores Familiares (Acafe), Roque Luiz Busarello. “A Cooperativa Agrícola de São Gabriel do Oeste (Cooasgo) fornece filhotes de 20 quilos junto com ração e medicamentos. Os agricultores criam os leitões até o peso de abate e depois entregam a um frigorífico, do qual a Cooasgo é filiada. O investimento inicial de R$ 160 mil para construir chiqueiros e adquirir equipamentos também é financiado pelo complexo cooperativo”, explica Busarello.
O crescimento da renda das famílias devido à suinocultura foi, inclusive, um dos fatores que contribui para que o assentamento seja titulado. Como numa emancipação, isso quer dizer que o Campanário não dependerá mais dos investimentos governamentais em infraestrutura e processo produtivo para se manter. Apesar de perder os incentivos do Incra, o processo garante a posse da terra aos produtores ali assentados, com o título definitivo dos lotes.
Para o superintendente regional do Incra, Waldir Cipriano Nascimento, “os moradores do Campanário atingiram autonomia ao criarem estratégias de renda. Em breve eles não irão mais precisar de amparo do governo e o Incra pode se dedicar mais aos novos assentamentos, que demandam mais recursos”.