Na última semana, o preço médio do suíno independente sofreu nova redução. Desta vez, o kg do suíno vivo baixou para R$ 2,02, sendo que o preço mínimo se manteve em R$ 1,94 e o máximo teve queda de três centavos, ficando em R$ 2,18. Mais uma vez, a queda reflete o comportamento de preços em vários estados. A Bolsa de São Paulo, por exemplo, registrou queda de 11 centavos, fechando em R$ 2,40 a R$ 2,45.
Para obter o preço médio do suíno independente, foram pesquisados os preços de 10.930 suínos e, o peso médio destes, ficou em 109,7 kg. Já o milho foi negociado a R$ 18,78 o saco, enquanto que o farelo de soja a R$ 757,25, à vista, e R$ 767,50 em 30 dias no preço da pedra. A cotação do suíno agroindustrial continua em R$ 1,90.
A pior crise, tanto para independentes quanto para integrados – Neste ano, o menor custo de produção do suíno independente (kg vivo) foi de R$ 2,53, registrado em junho, enquanto que o maior custo foi de R$ 2,72, em janeiro, época que alguns produtores chegaram a ter, em média, o alarmante prejuízo de R$ 80,00 por suíno abatido. Hoje, esse valor deficitário varia de R$ 20,00 a R$ 43,00 (nos piores casos) por animal abatido.
Já o menor preço médio de venda, este ano, foi de R$ 1,77, registrado nos meses de março e agosto, enquanto que o maior preço médio foi de R$ 2,22, em outubro. No entanto, nas últimas semanas, este valor vem caindo sistematicamente.
Segundo alguns produtores, esta crise, que ocorre desde o fim de 2008, pode ser classificada como a pior de todos os tempos, tendo em vista sua longa duração. Um suinocultor que preferiu não se identificar confessa: “Já enxugamos tudo que nós podíamos. Não temos mais onde economizar. A minha sorte é que eu tinha reservas financeiras que possibilitaram enfrentar esta tormenta. Porém, a maioria dos produtores teve de recorrer a empréstimos bancários, o que acaba prejudicando ainda mais, em função dos juros cobrados. Sempre vivi da suinocultura e sem dúvida, está é a pior crise que já enfrentamos.”
As dificuldades não são apenas dos produtores independentes. Os integrados também sofrem. Há produtores que acumulam perdas de R$ 250 mil chegando até a R$ 1 milhão (ciclo completo), dependendo do tipo de criação. “Nós tivemos que reduzir nosso plantel de 1.200 matrizes para 1.000, devido às dificuldades e, felizmente, não tivemos de largar a atividade, o que já aconteceu com outros produtores. O custo de produção está elevadíssimo e o preço pago pelas empresas está muito baixo. Estas questões como a fusão de empresas acabam refletindo nas nossas finanças e, como sempre, quem vai pagar a conta será o produtor e não os acionistas, que devem sair lucrando com estas situações”, explica este produtor integrado, que também preferiu não se identificar.
Segundo o Presidente da Acsurs, Valdecir Luís Folador, o custo de produção do suíno está muito elevado, enquanto que sua remuneração está em total deságio. “Já recorremos aos órgãos governamentais, tanto estaduais quanto federais para obter auxílio. A situação é de extrema dificuldade financeira para o produtor. Na semana passada, realizamos uma reunião com o Conselho Administrativo da Acsurs, na qual os Presidentes de Núcleos de suinocultores de todo o RS estiveram presentes e os relatos que ouvi foram, de fato, muito preocupantes. Além disso, são constantes as ligações que recebemos de produtores que estão extremamente preocupados. Afinal de contas, já faz um ano que o suinocultor gaúcho produz com um déficit permanente. Isto nos preocupa muito porque, nosso setor reflete diretamente no cenário estadual, pois gera mais de R$ 400 milhões em impostos, agregando 500 mil pessoas que vivem direta ou indiretamente da suinocultura, com um efeito de renda que se reflete em cerca de 300 municípios, segundo a própria Governadora do Estado”.