Em alguns municípios, as vendas caíram em torno de 20% em virtude da crise. Seara, Tunápolis e São José do Cedro chegaram a decretar situação de emergência, embora a Defesa Civil ainda não tenha homologado os decretos. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Seara, Mauro Finco, estima uma redução média de 20% nas vendas nos últimos quatro meses. Em determinados setores, como móveis, eletrodomésticos, vestuário e produtos considerados supérfluos a redução foi ainda maior, entre 35% a 40%. Finco disse que a economia do município é movimentada pela suinocultura, pois das 1,3 mil propriedades rurais, cerca de mil tem a atividade como principal fonte de renda. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Seara, Jaime Casarotto, também acredita que o pior está por vir. Casarotto avaliou que no início da crise os suinocultores ainda tinham um pouco de gordura, para queimar, mas isso acabou.
A crise na suinocultura foi gerada por uma série de fatores, entre as quais a queda de preços e aumento de custos. O preço do quilo vivo de suíno pago pelas agroindústrias iniciou o ano a R$ 1,35 (sem tipificação), mas acabou caindo nos meses seguintes até atingir R$ 1,12. A queda foi ocasionada pela redução do preço internacional da carne suína, que baixou de US$ 1,3 mil para US$ 750 a tonelada. Além disso, houve um excesso do produto no mercado interno. A produção nacional deste ano deve atingir 2,8 milhões de toneladas, contra uma previsão inicial de 2,3 milhões de toneladas. Houve também uma sobra superior a 100 mil toneladas nos estoques das agroindústrias. Depois de uma campanha de consumo, o preço reagiu e atingiu R$ 1,43 ao quilo na semana passada, o maior preço do ano. No entanto, esse reajuste de quase 30% no preço do suíno não acompanhou o aumento dos custos da alimentação, que chegaram a 100%. Em virtude do déficit de produção de milho no Brasil e especialmente em Santa Catarina (1,6 milhão de toneladas), aliados à alta do dólar, a saca de milho saltou de R$ 12 para R$ 24 e R$ 25. O Brasil ainda terá que importar o produto.