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Suinocultura abala comércio

Vendas no Oeste caem até 40% e municípios vivem grave emergência.

Redação SI 02/12/2002 – O cálculo de perdas em torno de R$ 250 milhões com a suinocultura neste ano, estimado pela Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), já está refletindo no comércio da região Oeste do Estado.

Em alguns municípios, as vendas caíram em torno de 20% em virtude da crise. Seara, Tunápolis e São José do Cedro chegaram a decretar situação de emergência, embora a Defesa Civil ainda não tenha homologado os decretos. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Seara, Mauro Finco, estima uma redução média de 20% nas vendas nos últimos quatro meses.

Em determinados setores, como móveis, eletrodomésticos, vestuário e produtos considerados supérfluos a redução foi ainda maior, entre 35% a 40%. Finco disse que a economia do município é movimentada pela suinocultura, pois das 1,3 mil propriedades rurais, cerca de mil tem a atividade como principal fonte de renda.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Seara, Jaime Casarotto, também acredita que o pior está por vir. Casarotto avaliou que no início da crise os suinocultores ainda tinham um pouco de gordura, para queimar, mas isso acabou.

A CDL de Xaxim informou que, em relação ao ano passado, houve queda de 12% em setembro, 16% em outubro e 5,78%, em novembro. Para o presidente da entidade, João Tarciso Corso, entre 5 a 6% da queda é referente à crise na suinocultura. Os atrasos no pagamento da Chapecó Alimentos pioraram a situação.

Outro município afetado pela crise é Xavantina. O empresário Doralino Lorenzet, de uma empresa de transportes, disse que o movimento do município caiu.

Fatores da crise
A crise na suinocultura foi gerada por uma série de fatores, entre as quais a queda de preços e aumento de custos. O preço do quilo vivo de suíno pago pelas agroindústrias iniciou o ano a R$ 1,35 (sem tipificação), mas acabou caindo nos meses seguintes até atingir R$ 1,12.

A queda foi ocasionada pela redução do preço internacional da carne suína, que baixou de US$ 1,3 mil para US$ 750 a tonelada. Além disso, houve um excesso do produto no mercado interno. A produção nacional deste ano deve atingir 2,8 milhões de toneladas, contra uma previsão inicial de 2,3 milhões de toneladas.

Houve também uma sobra superior a 100 mil toneladas nos estoques das agroindústrias. Depois de uma campanha de consumo, o preço reagiu e atingiu R$ 1,43 ao quilo na semana passada, o maior preço do ano. No entanto, esse reajuste de quase 30% no preço do suíno não acompanhou o aumento dos custos da alimentação, que chegaram a 100%.

Em virtude do déficit de produção de milho no Brasil e especialmente em Santa Catarina (1,6 milhão de toneladas), aliados à alta do dólar, a saca de milho saltou de R$ 12 para R$ 24 e R$ 25. O Brasil ainda terá que importar o produto.