Redação (06/02/2009)- A suinocultura catarinense é a maior e mais avançada do país, gera 65 mil empregos diretos e 140 mil indiretos; produz 660 mil toneladas de carne com o abate de 7 milhões de cabeças e obtém divisas da ordem de meio bilhão de dólares por ano em exportações. Essa rica e complexa cadeia produtiva está ameaçada de inviabilização e falência econômica se não for alvo de medidas emergenciais da União federal.
O pedido de socorro foi feito nesta quinta-feira, em Chapecó, durante AUDIÊNCIA PÚBLICA interinstitucional convocada para a busca de uma solução para a crise da suinocultura que reuniu produtores, indústrias, parlamentares e autoridades das três esferas do governo no Centro de Cultura e Eventos Plínio De Nês. Acompanharam o evento cerca de 400 representantes do setor agropecuário barriga-verde. O ato foi organizado pela Acic, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Comissão Nacional de Suinocultura da CNA, Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB) e Prefeitura de Chapecó.
A face mais aguda do problema está na redução das exportações e no excesso de produção que derrubaram os preços pagos aos criadores pelo peso do suíno vivo de R$ 2,50, no último trimestre de 2008, para R$ 1,60 neste mês. Agrava ainda mais o problema o encarecimento dos custos de produção verificados em 2008. Atualmente, cada suíno terminado para abate gera R$ 70 reais de prejuízo para o criador. “Essa situação é insustentável”, alerta o vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri. “Precisamos planejar a produção e suspender os grandes projetos para adequar a oferta com a demanda”, orienta o presidente da ACCS, Wolmir de Souza.
Duas palestras permitiram uma interpretação do comportamento do mercado. O engenheiro agrônomo Fernando Pimentel focalizou o cenário econômico e seus efeitos sobre o agronegócio, a compreensão da crise econômica, os potenciais desdobramentos no mercado internacional, o impacto sobre oferta e demanda de commodities agrícolas e os efeitos sobre o agronegócio e o produtor. O diretor de mercado interno da ABIPECS, Jurandir Machado, explicitou o cenário da atividade suinícola brasileira.
Ao final, os produtores e as entidades do agronegócio decidiram reivindicar medidas e recursos do orçamento da União federal para financiar os criadores. Pedem ações em três linhas: aumento do limite de financiamento; determinação do Banco Central aos bancos comerciais e estatais para aceitar os produtos e reprodutores suínos em garantia de financiamento; e medidas do governo para abertura dos mercados da China, Taiwan, Filipinas e Japão.
Outras medidas solicitadas são: crédito emergencial para os criadores manter os rebanhos no campo à base de R$ 150 reais por animais terminados e R$ 1 mil reais por matriz alojada; prorrogação das dívidas do suinocultores; liberação de milho da Conab e suspensão da cobrança do Funrural na venda de leitões e reprodutores.
O presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos, Waldomiro Ferreira Júnior, disse que o grande desafio é reduzir a produção em nível compatível com a demanda, para evitar excessos e o derretimento dos preços. Para exemplificar, mencionou que a carne suína de Santa Catarina chega ao mercado paulista mais barata que a produção local, pressionando para baixo o mercado de carnes de São Paulo e prejudicando os criadores dos dois Estados.
Produtores e líderes reclamaram da lentidão do governo em atuar na abertura de novos mercados e fazer com outros países reconheçam Santa Catarina como detentora de status sanitário máximo, indicando a erradicação da aftosa. Também querem que o governo implemente a proposta do setor produtivo para permutar a carne suína brasileira por gás, trigo, uréia, petróleo e equipamento pesado com a Rússia.