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Exportação

Suinocultura mira exportação para sair da crise

<p>Em 2010, o objetivo é aumentar os embarques, retomar os negócios e reverter as margens negativas de 2009. A Abipecs aponta para exportações de 610 mil toneladas no próximo ano.</p>

Depois de passar o ano amargando prejuízos, a suinocultura brasileira aposta no mercado externo para reverter as margens negativas de 2009 e retomar o fôlego em 2010. A Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) projeta para o próximo ano aumento na produção nacional e nas exportações do setor, que devem voltar a ultrapassar a marca dos 600 mil toneladas após dois anos de retração.

Na avaliação da Abipecs, a superação da crise financeira mundial, a retomada da demanda nos países emergentes, a redução dos excedentes exportáveis no Canadá e na União Européia e a abertura de novos mercados tendem a elevar os preços do produto no mercado internacional e aumentar a procura pela carne suína brasileira.

A estimativa da associação aponta para exportações de 610 mil toneladas no próximo ano, vendas que devem acontecer a preços semelhantes aos praticados em 2008, antes da crise. Na esteira do crescimento da demanda, a produção nacional de carne suina pode chegar à marca de 3,2 milhões de toneladas, praticamente estável com relação a 2009, mas 6% maior na comparação com o volume produzido em 2008.

Neste ano, a produção do setor somou 3,19 milhões de toneladas e as vendas externas devem fechar o ano em 598 mil toneladas, conforme previsão da associação. Até o final do mês passado, 565 mil toneladas do produto haviam deixado o país. O volume é 13% maior que o embracado em igual período do ano anterior, mas os preços médio caíram 29%, derrubando em 19% a receita bruta do setor com as exportações, para US$ 1,13 bilhão.

“2009 foi difícil. Vínhamos de um ano bom, mas a crise chegou no final de 2008 e derrubou as exportações e os preços da carne suína nos mercados interno e externo. A situação começou a melhorar no último trimestre deste ano, mas não a ponto de reverter a perdas sofridas durante o período de crise”, relata Pedro de Camargo Neto, presidente da associação.

Ele explica que o que segurou o setor neste ano foi o consumo interno, que aumentou de 13,4 quilos para 13,8 quilos per capita. Esse crescimento da demanda enxugou o excesso de oferta no mercado doméstico, resultado do cancelamento de embarques e da redução das exportações brasileiras após a crise financeira internacional. Tradicionalmente, o mercado interno absorve cerca de 80% da produção nacional de carne suína.

“Em períodos de crise como esse, é preciso analisar onde se pode crescer. E a saída é o mercado interno”, considera José Luiz Vicente da Silva, presidente da Associação Paranaense de Sui­­no­­cultores (APS). Segundo ele, dos quase 14 quilos de carne suína que o brasileiro consome anual­­mente, 9 quilos são de embutidos. “Se conseguirmos aumentar em 2 quilos o consumo per capita de carne in natura colocaremos a suinocultura em pé novamente”, diz.

“O problema é que falta opção para o consumidor na gôndola do supermercado, pois ainda tem muito preconceito com a carne suína no Brasil. Há esforços para reverter isso, mas leva tempo”, observa Camargo Neto. Para ele, o mercado externo seria a saída mais rápida para tirar o setor da crise. “O Brasil tem hoje apenas 11% do comércio internacional de carne suína, sendo que na avicultura e na bovinocultura a participação brasileira chega a 30%. Podemos chegar a esse índice também”, afirma.

Setor quer destravar negociações

A conquista de novos mercados é um sonho antigo do suinocultor brasileiro. Desde 2005, quando a suspeita de focos de febre aftosa no Paraná e Mato Grosso do Sul derrubou em 15% as exportações de carne suína do Brasil, o setor busca alternativas para recuperar o espaço perdido e até ampliar a sua participação no comércio internacional. 2009 parecia ser o ano da virada. O país recebeu missões de diversos países e ampliou os esforços para abrir novos mercados, mas as negociações acabaram não evoluindo conforme o planejado. Os cobiçados mercados chinês e europeu por exemplo, continuam fechados para a carne suína brasileira.

Destavar as negociações será a palavra de ordem em 2010, diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs. Ele conta que uma missão européia esteve em Santa Catarina no mês passado e que a abertura do mercado para esse estado deve finalmente acontecer no início do ano que vem. “Os esforços agora são para que a missão européia volte ao Brasil no primeiro semestre de 2010, desta vez para visitar Paraná e Rio Grande do Sul, que também são grandes produtores e não podem ficar para trás”, disse o dirigente.

Projeção feita pela Abipecs, com base em dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), estima que o Brasil poderia triplicar suas exportações de carne suína até 2015. Conforme a associação, as vendas externas brasileiras poderiam passar de 598 mil toneladas em 2009 para 1,73 milhão de toneladas apenas como efeito da abertura de mercados e aumento de vendas para mercados já conquistados.

Atualmente, o Brasil é o quarto maior exportador mundial, atrás da União Europeia, dos Estados Unidos e do Canadá. Com o aumento de exportações, o país teria condições de liderar o ranking.