O ano de 2011 promete ser um período benéfico para a suinocultura de acordo com o cenário que se desenha para a atividade. Depois de enfrentar uma série de dificuldades, os criadores de suínos começaram a viver uma nova fase desde o segundo semestre de 2010, quando os preços reagiram e proporcionaram uma melhor rentabilidade, mesmo que os custos de criação permaneçam elevados. Isso se deve, principalmente, à alta do milho, que saltou de R$ 17 em dezembro para R$ 28 em janeiro, e do custo do farelo de soja, que subiu de R$ 550 para R$ 766 a tonelada. O custo de produção estimado pela associação para se produzir um quilo de carne suína oscila entre R$ 2,50 e R$ 2,60.
O presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, revela que, nos últimos meses, segundo pesquisa desenvolvida com o mercado consumidor interno, constatou-se uma queda na comercialização de carne suína, mas prevê que a tendência é de uma normalização a partir do segundo trimestre do ano. A razão para isso, destaca Folador, foi o aumento do custo dos cortes, que continuam pressionados pelos gastos para produzir. O mercado interno mostra-se estabilizado neste momento, e a situação não é mais complicada porque há um ajustamento na produção de acordo com a demanda pela mercadoria.
Investimentos
Por outro lado também não há novos investimentos nas propriedades, e alguns que estavam programados foram cancelados. O presidente destaca que parte da categoria ainda está desiludida com as perdas econômicas nas situações de crise e, por isso, mostra-se muito cautelosa na condução da atividade. Os independentes recebem de R$ 2,60 a R$ 2,80 pelo quilo vivo de suíno, enquanto os integrados ganham por animal, e os valores variam de acordo com a empresa à qual estão ligados. Admite, no entanto, que ambas as categorias enfrentam problemas de natureza diversa. No caso dos integrados, a falta de regras claras, muitas vezes, dificulta o relacionamento entre a integradora e o criador.
Por isso, a luta pela regulamentação da avicultura e suinocultura deve prosseguir. Já há na Câmara dos Deputados projeto de lei, em análise, que trata do assunto. O objetivo é estabelecer regras claras sobre as responsabilidades de ambas as partes. Folador acredita que nos próximos anos duas das metas serão a busca de novos mercados no exterior e fortalecer o consumo interno. Esse segmento deve ainda ser mais bem trabalhado nos próximos anos. No âmbito externo, hoje a Rússia é o maior comprador de produtos suínos brasileiros, embora tenha reduzido as cotas de importação mediante a imposição de barreiras sanitárias, mas que estão disfarçadas de retaliações comerciais.
Visão
O suinocultor Ilanio Johner, sócio da Granja Balduíno, na localidade de São Gabriel, em Cruzeiro do Sul, trabalha com a venda de reprodutores e matrizes das raças Duroc, Large White e, mais recententemente, investiu na raça MS 115, um produto desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa). O agricultor destaca o excelente desempenho dessa espécie, que tem como características principais a boa qualidade da carne e pouco teor de gordura. “É uma carne suculenta e apresenta um extraordinário rendimento de carne na carcaça – de 55% a 58%”, observa Johner.
Quanto aos negócios, ele acredita que o nível de comercialização vai ser idêntico ao de 2010, mesmo que haja uma pequena preocupação com o preço dos insumos, como é o caso do farelo de soja, um dos principais componentes da ração.
O produtor cruzeirense chama a atenção para outro fato curioso: as agroindústrias estabelecidas na região não conseguem matéria-prima suficiente para sua produção diária. Isso, afirma ele, é bom para os criadores independentes, que precisam partir para uma comercialização alternativa, já que as indústrias e cooperativas que abatem suínos em escala maior não fazem mais muita questão de ser seus parceiros.