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Suínos de MS ampliam espaço nas exportações

Proibição da venda de suínos de SC e RS para Rússia coloca MS como potencial exportador este ano.

Redação SI 26/05/2003 – A proibição de exportação de suínos dos maiores produtores do País, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pode refletir de forma positiva para o setor em Mato Grosso do Sul. Os suinocultores estão apostando nesse fator e ainda na possibilidade de se manter o preço atual do milho e na baixa cotação do dólar, que foram em alta os maiores responsáveis pela decadência da suinocultura, principalmente em Mato Grosso do Sul. Com essas possibilidades, as entidades e órgãos que representam os produtores estão investindo na conscientização para que o Estado continue como área livre de doenças, para cobrir a exportação desses dois Estados da região Sul.

O diretor da Associação Sul-Matogrossense de Suinocultores, Cid Finamore, comentou que para o Estado esse é um ponto altamente positivo, considerando a qualidade do plantel de suínos, que chega a 30 mil matrizes. Mas é necessário que haja um trabalho intensivo junto aos produtores, mostrando a realidade atual. Ele explicou que as próprias indústrias, que são duas em Mato Grosso do Sul, que absorvem toda a produção (Seara e Aurora), já estão atuando nesse sentido, tanto com suinocultores do sistema integrado como os independentes, percebendo que esse é o momento de investir na atividade, mesmo com a carne apresentando um preço baixo em relação ao custo de produção.

Os pesquisadores da área de suíno, Samuel Aragão e Euclides Maranho, também acreditam na possibilidade de um novo cenário na atividade e explicaram que Mato Grosso do Sul hoje trabalha tanto com o sistema integrado como o independente. O integrado atinge praticamente toda a região de Dourados e o produtor passou de proprietário do plantel para parceiro da indústria. Segundo eles, esse sistema é que está viabilizando a manutenção da atividade, ou seja, embora ganhando menos, ele tem um mercado garantido para seu produto, além de outros benefícios. Alguns produtores que atuavam como particulares ainda devem dinheiro de financiamento para os bancos.

Na região de São Gabriel do Oeste a maioria já atua como independentes, mas são suinocultores que não dependem única e exclusivamente dessa área para sobrevivência. Naquela região são abatidos  diariamente 1.100 cabeças de suínos, através do Fomento Aurora, enquanto na região de Dourados a Seara, pelo sistema integrado chega a 2.550 cabeças/dia. Com esse sistema, informaram os pesquisadores, reduziu o número de produtores, mas, em contrapartida, os que ficaram aumentaram o plantel em suas respectivas propriedades. No geral, a produção atual é maior que nos anos anteriores.

Questionados sobre a possibilidade de uma queda no valor da carne suína para o consumidor com a proibição da exportação nos Estados citados, eles praticamente descartaram a hipótese, pela política existente na área, mas em tese o preço deveria cair  para o consumidor como  cai para o produtor. Sem exportação, o Brasil ficaria com mais carne e teria maior oferta no mercado interno. Entretanto, dentro da cadeia produtiva qualquer alteração nesse sentido poderia gerar problemas econômicos em outras atividades. Só para se ter uma idéia, 73% da carne brasileira exportada vão para a Rússia. O restante para o Uruguai, Argentina e Hong Kong e, de acordo com dados estatísticos, de 99 a 2002 o volume exportado cresceu em pelo menos 550 por cento, passando de 87 mil toneladas para 475 mil, e 90% desse volume saem do RS e SC.