A dragagem de aprofundamento e alargamento do acesso aquaviário do porto de Santos, prevista para começar em 30 dias e ser concluída em novembro de 2010, vai mudar a logística do tráfego marítimo brasileiro, ao permitir que navios de até 9 mil Teus (unidade para contêiner de 20 pés) entrem no estuário e operem em seus terminais. Hoje o limite de contêineres por navio é de 4,5 mil Teus. O impacto no porto não será pequeno: terá capacidade operacional aumentada em 30%, ante as 110 milhões de toneladas atuais. O projeto vai elevar a profundidade dos atuais 13 metros para 15 metros, enquanto a calha da navegação será elevada de 150 metros para 220 metros nos pontos mais estreitos.
Ao fazer esses anúncios, ontem (30/09), na assinatura do contrato de dragagem com o Consórcio Draga Brasil, o ministro Pedro Brito, da Secretaria Especial de Portos (SEP), previu que o novo estágio de Santos criará também novo paradigma no transporte marítimo. “Navios de maior porte poderão chegar e sair direto de Santos, que funcionará como um ´hub´ (porto concentrador de cargas)”, disse. Nesse tipo de operação, parte da carga desembarcada poderá ser reembarcada em navios menores, com acesso a portos de menor calado.
O titular da SEP, baseado em estudos do Banco Mundial, está convicto de que não faltará carga. “O banco prevê que nos próximos 15 anos a demanda de carga para Santos crescerá 158%”, disse.
Brito afiançou que essas ações criarão as condições para a etapa seguinte de aprofundamento, até 17 metros, sem data prevista. A intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de deixar para seu sucessor uma carteira de projetos de infraestrutura já em andamento, a serem licitados a partir de 2011. Nessa carteira entrará a nova etapa da dragagem de Santos, segundo uma fonte da SEP.
O contrato assinado com o Draga Brasil, no valor de R$ 199,5 milhões, está em parte (R$ 128 milhões) no Programa Nacional de Dragagem, com verba do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Prevê a remoção de 13,62 milhões de metros cúbicos de resíduos para o aprofundamento. Outros 7,65 milhões de metros cúbicos serão retirados na dragagem de manutenção, durante três anos, ao custo de R$ 71,5 milhões a serem desembolsados pela Codesp, administradora do porto.
O consórcio é formado pela EIT Empresa Industrial Técnica, DTA Engenharia, Equipav Pavimentação e Comércio e Chec Dredging. Pertencem à chinesa Chec as três dragas que virão da China para o trabalho. A maior delas, segundo João Acácio de Oliveira Neto, presidente da DTA, de nome Xihai Feng, de 17,5 mil metros cúbicos de capacidade, é também transportadora. “Foi construída em 2009 e está entre os mais modernos equipamentos do mundo”, disse. As outras duas têm capacidades respectivas de 13,5 mil metros cúbicos e 5 mil metros cúbicos.