No estado mais industrializado do País, o agronegócio evitou, nos primeiros sete meses do ano, que o déficit comercial superasse US$ 20 bilhões. São Paulo apontou um superávit de US$ 6,62 bilhões no agronegócio nos primeiros sete meses de 2011, alta de 4,41% em relação aos US$ 6,34 bilhões de igual período de 2010. Os destaques da exportação foram: café, com incremento superior a 68%, e frutas, lideradas pelo suco de laranja, com 42%. Nas importações, os insumos e o maquinário agrícola representaram 56% do total, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria Agricultura e Abastecimento do estado.
As exportações do agronegócio paulista somaram US$ 12,4 bilhões entre janeiro e julho deste ano, receita 16,7% superior à dos primeiros sete meses de 2010, quando as vendas atingiram US$ 10,63 bilhões. Deste total, mais de 82% dos produtos embarcados passaram por algum tipo de industrialização. Segundo José Sidney Gonçalves, pesquisador do IEA, esta é a grande diferença entre o estado e o resto do País. “A diferença entre São Paulo e o resto do Brasil é que somos agroindustriais exportadores, ou seja, vendemos grande parte de produtos processados. Cerca de 82% de nossas exportações passam por algum processamento. No Brasil, tirando São Paulo, 56% são de produtos básicos”, disse.
O agronegócio paulista respondeu ainda por 23,1% de todas as exportações do agronegócio brasileiro, ante 26% em igual período de 2010, e por 37,5% das importações, ante 38%, se comparados os mesmos períodos.
Apesar de os derivados da cana-de-açúcar continuarem figurando como os principais produtos embarcados, o incremento foi de apenas 1,25% na comparação com o mesmo período de 2010. “A cana ainda é o principal produto exportado pelo estado, e os preços estão muito bons. Nos primeiros seis meses de 2011, contra 2010, os derivados de cana ampliaram sua exportação em 1,25%, passando para R$ 3,5 bilhões, contra US$ 3,4 bilhões do ano passado. A cana, que no ano passado representava 40% das exportações do estado, passou a representar 35,4% neste ano. Isso porque os outros produtos tiveram grandes aumentos, e a cana ficou estável”, contou Gonçalves, ao DCI.
O destaque das exportações ficou com o café, que teve um incremento de 68% no período, fechando com US$ 630 milhões, dados os bons preços praticados no mercado internacional. As frutas o seguem de perto, com alta de 42%, principalmente o suco de laranja, que embarcou US$ 1,05 bilhão do total de frutas, que foi de US$ 1,14 bilhão de janeiro a julho.
A carne bovina é o terceiro item mais exportado pelo estado, somando US$ 1,44 bilhão, ou 8% a mais ante 2010. O couro representou apenas US$ 400 milhões deste montante. “Se o câmbio continuar assim não teremos um crescimento maior que 5% este ano. Estimávamos um incremento de 10% este ano, mas não vamos chegar”, disse Gonçalves.
Já as importações do agronegócio paulista subiram 34,7%, se comparadas às dos sete primeiros meses de 2010, passando de US$ 4,29 bilhões para US$ 5,78 bilhões em 2011. Deste total, quase 35% são insumos agrícolas, entre os quais estão o maquinário, os fertilizantes e os agroquímicos. “São Paulo é o principal comprador de insumos do País. A maioria dos produtos que importamos vai para outros estados. Ano passado compramos US$ 999 milhões em insumos e aumentamos a nossa produção em 56,4% este ano”, comentou o pesquisador do instituto paulista.
Balança do estado – O desempenho do agronegócio nos sete primeiros meses de 2011 continua melhor do que o registrado em toda a balança comercial de São Paulo, que apresentou um déficit de US$ 14,22 bilhões no período. Se o agronegócio não fosse considerado nos cálculos, o déficit no período seria de US$ 20,84 bilhões na balança comercial paulista.
O setor agropecuário manteve a mesma participação, de 38,2%, em todas as vendas externas do Estado de São Paulo, se comparados os sete primeiros meses de 2010 e de 2011. As exportações paulistas totais até julho de 2011 somaram US$ 32,44 bilhões. Já as importações do agronegócio, com a disparada no período, ampliaram a fatia em toda a balança paulista. As compras externas do setor agropecuário responderam por 12,4% dos US$ 46,66 bilhões movimentados com as importações paulistas, alta de 0,8 ponto percentual ante os 11,6% do mesmo período de 2010.