O mercado brasileiro acompanhou uma enxurrada de operações de fusões e aquisições nos últimos dois dias. Foi quase uma compra de empresa a cada três horas entre segunda e terça-feira, com 19 negócios fechados por empresas de diversos setores e que somaram mais de R$ 10 bilhões. O ritmo frenético coincide com a entrada em vigor da lei que cria o “SuperCade” e que determina que as operações sejam submetidas à aprovação prévia do Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Pelas próximas duas semanas, o período de transição para a nova lei da concorrência, mais negócios serão divulgados, apontam dois escritórios de advocacia que finalizaram 11 contratos nos últimos 5 dias. Mesmo nos casos em que as negociações não estavam tão avançadas optou-se por firmar pré-contratos e seguir o ritual até então vigente.
Carlos Fonseca, responsável pela área de investimento em empresas não financeiras do BTG Pactual, disse que a finalização da compra do controle da varejista Leader, por R$ 1,07 bilhão – o segundo maior negócio fechado nos últimos dois dias -, foi acelerada para ocorrer antes das mudanças. “Outras cinco operações do banco também foram aceleradas. Houve pressão dos vendedores nesse sentido”, afirmou, citando o exemplo da fusão entre os grupos hospitalares Rede D’Or, do qual o banco é sócio, e Santa Lúcia.
Algumas das principais aquisições anunciadas foram a compra, pela chinesa State Grid, de sete linhas de transmissão por R$ 1,05 bilhão, mais dívidas de R$ 814 milhões. As linhas pertenciam à espanhola Actividades de Construccion y Servicios. A venda da Fogo de Chão, da GP Investimentos, para o fundo americano Thomas H. Lee Partners movimentará US$ 400 milhões, o equivalente a R$ 797,6 milhões. E, por R$ 900 milhões, a Diageo comprou a marca Ypióca, uma destilaria, uma engarrafadora e um centro de distribuição.
Sem valores divulgados, a americana FedEx, uma das maiores empresas de transporte aéreo de cargas do mundo, assinou acordo para a compra da Rapidão Cometa, companhia pernambucana com atuação nacional em logística e distribuição, com 9 mil funcionários, volume anual de 12 milhões de entregas e faturamento anual em torno de R$ 1 bilhão.