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Terminal público de grãos deve sair em 2013

Terminal de grãos do Maranhão pode ser concluído em dois anos, estima Empresa Maranhense de Administração Portuária.

Terminal público de grãos deve sair em 2013

As apostas no cultivo de grãos crescem no Centro-Norte do Brasil assim como os índices de produtividade, mas a logística demora para avançar. Consi­derado um alívio para os portos do Sul e Sudeste, o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) vem sendo adiado há cinco anos. A nova previsão é de que o projeto seja concluído em 2013, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo.

“Estamos na iminência da aprovação do projeto enviado a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antac). Acredito que isso aconteça até o final deste mês”, disse o diretor de planejamento da Empresa Mara­nhense de Administração Por­tuária (Emap), Daniel Vinent. Ele recebeu a Expedição no Porto de Itaqui, São Luís, onde deve ser instalado o terminal público.

Vinent reconhece que a obra no porto do Itaqui é fundamental ao transporte de grãos pela ferrovia Norte-Sul e que também faltam obras nas estradas do estado. “A ferrovia e as rodovias dependem do Tegram e vice-versa. Não adianta ter ferrovia se o porto não está preparado para atender maior demanda”, complementa.

O consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Luiz Antônio Fayet considera o prazo para conclusão do Tegram razoável, “se não houver novos empecilhos daqui para frente”. “O projeto pode passar por novas alterações e isso significa mais tempo”, ressalta.

A perspectiva em relação à construção do terminal está relacionada à ampliação do projeto. “Como houve forte interesse de empresas em ganhar a primeira licitação, que foi suspensa, aumentamos o projeto. Agora, serão quatro armazéns para grãos com capacidade de 125 mil toneladas cada, em um terreno de 100 mil metros quadrados cedido pela Emap”, afirma Vinent. “A nossa meta é movimentar 5 milhões de toneladas anuais no sexto ano de implantação do Tegram.” Hoje o porto recebe 2 milhões de toneladas por ano, principalmente soja.

Com um custo total estimado em mais R$ 240 milhões, que serão investidos por empresas privadas através de licitações públicas, o Tegram quer aprender com os “erros” de Paranaguá e utilizar sistemas modernos para embarque de grãos.

“Queremos ir até Paranaguá para saber como é que não devemos fazer”, brinca o executivo da Emap. Segundo ele, as correias de transporte do Tegram deverão operar a 2,2 mil toneladas por hora. Paranaguá opera a 1,5 mil toneladas por hora. Para o assessor técnico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) Nilson Hanke, o Tegram desafogaria o Porto de Paranaguá, que além de receber a safra paranaense ainda escoa parte da produção de Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja. Com previsão de ligeiro aumento de produtividade e consequente concentração do escoamento pelo Paraná, Hanke acredita que o congestionamento em Paranaguá se prolongue ainda por mais cinco anos.

“O problema é que o Porto de Paranaguá foi construído em uma outra realidade. Faltou planejamento”, avalia a economista da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Carla Neri, que acompanhou a Expedição Safra na viagem pelo Centro-Norte.

Estradas precárias tornam transporte caro e arriscado

O escoamento da safra no Centro-Norte se dá por estradas em situação de abandono e gradativa destruição, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo. “Isso aqui está um caos. De que adianta ter ganho de produtividade e aumento de produção se não tem como escoar”, questiona o superintendente do Sistema Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) no Maranhão, Antônio Luiz Figueiredo.

O custo com frete chega ao mesmo valor dos insumos, revela Cleovani Marques, gerente da fazenda Santa Isidoro, em Balsas (Maranhão), a 750 quilômetros de São Luís. Ele se refere ao calcário, que custa R$ 40 por tonelada.

O caminhoneiro Wiliam Catani diz que muitos colegas de profissão estão se recusando a transportar cargas em determinados trechos devido às condições das estradas. “Para andar 220 quilômetros carregados, levamos até 18 horas.”

As obras federais contemplam apenas trechos das rodovias. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Balsas (Maranhão), Ivan Mota Barbosa, as empresas multinacionais compradoras de grãos têm ajudado nas obras. “Os produtores contratam empreiteiras locais e as tradings ajudam a pagar. Essa é a saída”, afirma.