O uso de sementes transgênicas rendeu US$ 3,6 bilhões aos agricultores brasileiros desde que a tecnologia começou a ser utilizada, há 12 anos. O valor é referente à redução de custos e aumento na produtividade. A informação faz parte de um estudo divulgado nesta terça, dia 6, pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), em São Paulo.
O estudo, feito pela Céleres Consultoria a pedido da Abrasem, mostra que a maior vantagem da adoção dos transgênicos é o menor custo de produção. De acordo com o levantamento, a redução foi responsável por 63% do benefício financeiro obtido nas últimas 12 safras com o uso da tecnologia. 18% foi em função do aumento na produção, principalmente no algodão e no milho.
A consultoria prevê que, se a adoção de transgênicos continuar nos patamares atuais, esse benefício pode chegar a US$ 48 bilhões nos próximos 10 anos. O estudo também aponta que, sem usar sementes transgênicas, seria preciso plantar 32 milhões de hectares a mais, só de milho e algodão, para atender a demanda projetada para a próxima década. E isso geraria um gasto adicional de US$ 108,4 bilhões.
O levantamento também considerou os benefícios ambientais do uso de soja, milho e algodão transgênicos. De acordo com a consultoria, como as variedades geneticamente modificadas, em geral, apresentam resistência a doenças ou pragas, os produtores gastaram menos água nas pulverizações, diminuíram o consumo de óleo diesel e, em consequência, contribuíram para reduzir a emissão de CO2.
Mas, apesar das vantagens financeiras e ambientais apontadas no estudo, a Abrasem considera que o uso de transgênicos poderia ser maior. Segundo o presidente da associação, falta ainda uma mudança cultural por parte de muitos produtores rurais brasileiros.
“Apesar de consideram a tecnologia importante, os produtores acham ainda caro e insistem em usar sementes próprias ou piratas”, afirma o presidente da Abrasem, Ywao Miyamoto.
A Associação Brasileira de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) discorda dos dados apresentados no estudo. A Abrange reuniu dados da Embrapa e do Imea que mostram que o custo de produção do milho e da soja convencionais é menor que o dos produtos transgênicos. A entidade ainda afirma que o uso de sementes transgênicas só tem crescido porque os produtores tem tido dificuldade de encontrar material convencional no mercado.