Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Insumos

Trocando milho por soja

<p>Produtores gaúchos devem cultivar menos milho para apostar na soja. Baixa cotação e grande safra nos EUA desestimulam agricultores.</p>

O recuo nos preços do milho deve levar o Rio Grande do Sul a uma queda brusca na área cultivada com o grão. O mais recente levantamento da consultoria Safras & Mercado indica que o plantio da lavoura 2009/2010 deverá alcançar 1,125 milhão de hectares, o que representaria retração de 21% sobre o ciclo anterior.

Se confirmada, será a segunda maior diminuição de área plantada desde 1976, quando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) iniciou a série histórica. Desde então, a maior redução de área foi na safra 1992/1993, com queda de 22%.

O analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari, ressalta que a pesquisa foi feito entre 15 de junho e 15 de julho, quando o preço da saca de 60 quilos de milho no Estado estava acima de R$ 20. Como a cotação varia agora entre R$ 16 e R$ 18, ele avalia que a área pode sofrer corte ainda maior caso os preços não reajam em agosto e setembro, quando o produtor toma a decisão de que cultura de verão vai privilegiar. “É um preço muito baixo para o milho. Há um desestímulo total”, diz Molinari, que lista a grande safra norte-americana, a perda de atratividade das exportações por causa da valorização do real e o alto estoque de passagem no Brasil como fatores de queda da cotação.

Forte mudança depende de sementes e de crédito – A diferença de 300 mil hectares a menos para o milho, afirma o analista, deve ser direcionada para a soja, cultura que atualmente tem rentabilidade maior. Uma migração em grande escala, observa Molinari, poderia ser barrada pela disponibilidade de sementes de soja e financiamento esgotado para a oleaginosa.

Previsão mais drástica faz o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Carlos Sperotto. Segundo o dirigente, a redução da área plantada de milho pode chegar a 50%. A razão, explica, está “no aviltamento dos preços”.

“Com a saca de milho a R$ 16, é preciso 102 sacas para pagar o financiamento de um hectare. Mas colhemos este ano no Estado uma média de 65 a 75 sacas por hectare”, argumenta Sperotto, que também prevê a migração do produtor para a soja.

O presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Estado, Narciso Barison Neto, lembra que os riscos da lavoura pela maior necessidade de água do milho em relação à soja também pode influenciar os produtores. E confirma uma redução “significativa” da procura por sementes de milho.