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UE volta a subsidiar suinocultura

Decisão européia pode tirar mais espaço do produto brasileiro no mercado internacional.

Redação SI 13/02/2004 – 06h35 – A decisão da União Européia de voltar a subsidiar as exportações de carne suína está gerando discussões diferentes em diversos países do mundo. No Brasil, o Itamaraty estima que o subsídio europeu poderá implicar diretamente nas vendas externas. O governo brasileiro entende que a notícia complica os esforços para reativar as negociações para a liberalização agrícola no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). O maior impacto negativo deverá ser sentido pelos estados que se destacam na produção de carnes e derivados de suínos.

Para o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Wolmir de Souza, a notícia chega no momento em que os suinocultores amargam o clímax de uma fase difícil que iniciou há 18 meses. O atual preço do quilo do suíno pago pela indústria ao criador é de R$1,70, 20 centavos a menos que em dezembro do ano passado. Por outro lado, o custo de produção alcança R$1,85. “Os suinocultores estão descapitalizados e não conseguem renegociar dividas com os bancos”, avisa o dirigente da ACCS. “Os subsídios europeus preocupam porque oferecem concorrência direta no mercado externo. O Brasil tem uma das carnes mais baratas do mundo, mas não tem como competir com isso”, completa.

Para a Federação da Agricultura de Estado de Santa Catarina (Faesc), os reflexos dessa medida estão diretamente relacionados a questões políticas. “O governo precisa firmar um acordo comercial com a Rússia, nosso principal comprador, para evitar mais uma crise na suinocultura”, sugere o diretor da Faesc, Enori Barbieri.
A Rússia é responsável por 85% de toda carne suína que sai do Brasil. Segundo Barbieri, o país europeu demonstrou interesse em firmar um intercâmbio comercial que permita a entrada de produtos russos no mercado nacional. “O Brasil tem que deixar de querer apenas vender. É preciso ter bom senso e, em alguns casos, comprar também.”