Passados três meses do manifesto “PREÇO JU$TO PARA PRODUZIR” realizado em Brasília, posso afirmar com toda certeza que nada aconteceu ainda de real para o setor. Todos os pleitos encaminhados naquele momento, os que foram realizados demoraram demais e quando colocados em prática a realidade do setor já era outra e a demanda não mudava mais com tal ação, ou seja, as alternativas de socorro ao suinocultor deveriam ser ampliadas para ter o resultado alcançado devido o avanço da crise. Duas situações indignantes que frustram o setor são: A falta de crédito para o produtor refinanciar e buscar novos financiamentos de retenção de matrizes e a disponibilidade de milho modalidade balcão pela Conab. Outra situação intrigante é que, com toda esta crise e a falta de uma perspectiva de garantia de renda sobre o custo, muitos produtores estão sendo pressionados a aumentar seus plantéis sob a alegação de que somente desta forma terão lucro, e usam um slogam que em tempos de verticalização do setor não tem mais valia e dizem: “É na crise que se cresce”. Isso explica porque depois de anos de crise continua o crescimento desordenado da produção, devido ao empreendedorismo de quem somente tem olhos para o trabalho e não para o mercado que é “o produtor”.
Todas as tratativas com relação a milho foram levadas em consideração para se chegar numa disponibilidade de milho na demanda necessária para o produtor, mas que por falta de vontade por parte da Conab e Ministério da Agricultura, não foram colocadas em prática. As notícias, após três meses do manifesto estão por conta da crise da avicultura, que, diga-se de passagem, é a mesma e um pouco menor que a crise que a da suinocultura, que ainda respira, mas não por muito mais tempo, pois é uma crise não somente pela falta de grãos e seu alto preço internacional, mas uma crise por falta de uma política agrícola séria para o setor de carnes, avicultura e suinocultura. As notícias desta semana dão conta do aumento do preço do suíno que tem surpreendido, mas esquecem de dizer que milho e farelo de soja foram parar nas alturas. Desde fevereiro deste ano venho falando que teríamos a maior crise da história da suinocultura e realmente é. Temos a pior relação de preços de compra de milho e farelo de soja por kg de suíno comercializado. Historicamente comprávamos 5.6 kg de milho com um kg de suíno, hoje conseguimos comprar apenas 4,03 kg de milho por kg de suíno. Quando comparado com o farelo de soja a relação então é desesperadora, comprávamos 2 kg de farelo de soja por kg de suíno e esta relação hoje está em 1.4 kg de farelo por kg de suíno.
Até agora, apesar de termos recebido prêmio por melhorias ambientais na qual SC não tem nenhuma propriedade que polua o meio ambiente, pois éramos considerados os poluidores ambientais, mas agora provavelmente seremos taxados como os culpados pela alta da inflação devido ao alto preço das carnes. Nos últimos dias, uma notícia me chamou a atenção, que neste País o maior empregador é o Governo através do seguro desemprego. É importante lembrar que quando alguém recebe sem trabalhar, outro está trabalhando em dobro. E o que dizer da Reforma Agrária, da Bolsa Família e tantos outros projetos sociais que dizem que a cada dia tiram pessoas da miséria, mas que colocam outras em situação catastrófica perdendo a dignidade e também a sua propriedade, como é o caso da avicultura e suinocultura. Este País só vai dar certo quando cada cidadão que colocar o seu pão de cada dia na mesa puder olhar no espelho e dizer: Obrigado pelo emprego, pelo profissionalismo, pela saúde e a paz….
Minha preocupação é ver este horizonte um pouco longe, pois vejo a cada dia aumentando as filas dos vales: gás, bolsa família e tantos outros…. Infelizmente estamos perdendo uma grande massa de jovens que não se importam mais com dignidade, trabalho e futuro. Um País considerado o 1° em consumo de crack no mundo tende a virar pó e fumaça e não o País do futuro e de responsável pela produção de alimentos no mundo pela abundância de água e terras que temos. Sempre falamos que temos que mudar a base, mas vejo que temos que mudar o topo, enquanto nossos políticos de Brasília não conhecerem as realidades deste Brasil de Brasis não terão como governar para todos. Talvez até conhecem, mas não se importam e isso é preocupante. Pensem nisso…
Losivanio Luiz de Lorenzi é presidente da ACCS