Foto: Leo Pinheiro/Valor |
Roberto Rodrigues, da Abag, agrada por conhecer bem o lado da produção |
Da Redação 13/12/2002 – A se confirmar os nomes de Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração da Sadia, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e de Roberto Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), na pasta da Agricultura, os agronegócios estarão muito bem representados no governo Lula, segundo representantes do setor.
Para empresários, dirigentes de entidades e executivos de indústrias, Furlan e Rodrigues “cresceram” na área e podem promover um alinhamento ainda maior entre os dois ministérios de forma a beneficiar o campo, principalmente no que se refere à abertura de novos mercados externos a produtos nacionais, de preferência para aqueles de maior valor agregado.
Para Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), os desafios que se abrem aos agronegócios brasileiros exigem dos titulares desses ministérios trânsito aberto e amplo entre empresários e também na comunidade internacional.
“No campo externo, teoricamente os agronegócios só têm a ganhar. Nas negociações, continuaremos pedindo a abertura de mercados para nossos produtos, mas é importante lembrar que normalmente há contrapartidas. Especificamente no caso do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, é importante termos alguém que quebre resistências de setores que terão de fazer as concessões nas negociações”, analisa Garcia.
Foto: Nelson Perez/Valor |
Furlan, da Sadia, é considerado bom negociador para as batalhas comerciais |
Edmundo Klotz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), afirma que é importante, para as duas pastas, a continuidade dos trabalhos que já vêm sendo realizados. Nesse sentido, diz, Furlan e Rodrigues formam uma “boa dobradinha”, ambos com visão de longa data sobre os agronegócios, seja pelo lado das indústrias, com o presidente do conselho da Sadia, seja pelo lado do produtor, com o presidente da Abag.
“É preciso foco profissional, e os dois têm. Não só vivem do ramo como geram renda no ramo. Mas, independentemente dos nomes dos novos ministros, o desafio para os agronegócios é a criação de regras claras e eficientes nas áreas de infra-estrutura, crédito e tributação”, afirma Gilman Rodrigues, vice-presidente de assuntos internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Para ele, o foco deverá estar voltado ao desenvolvimento das cadeias produtivas e à busca de maior valor agregado, sem prejuízo ao valor dos produtos primários.
Nathan Herszkowicz, presidente do Sindicato da Indústria do Café do Estado de São Paulo, concorda: “O desafio não é exportar café verde, pois já temos 30% de `share` mundial nessa área. Temos é que aumentar as exportações de produtos diferenciados, como solúvel e orgânicos”, afirma Herszkowicz.