Com mais de 100 anos de ocupação, colonização e desenvolvimento, o grande oeste de Santa Catarina – apesar de sua imensa importância econômica – nunca elegeu um governador. Esse fato não se deve à incompetência da classe política oestina. É preciso lembrar que até o final da década de 1970, a região mantinha fortes laços culturais e econômicos com Porto Alegre e todo o Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Florianópolis era uma terra distante e fora de curso para os catarinenses do oeste. As emissoras de radiodifusão que penetravam na região eram gaúchas ou paranaenses; os jornais que faziam a opinião pública eram editados nos pampas…
A preocupação com a integração esteve sensatamente presente no governo Celso Ramos que, em 8 de agosto de 1963, editou a lei 3283, criando a Secretaria dos Negócios do Oeste. Essa estrutura funcionou como uma administração avançada, promovendo investimentos essenciais em rodovias, pontes, escolas e obras em geral para a infraestruturação. Apesar da importância administrativa da Secretaria, foi à força da comunicação social que começou a operar a definitiva integração cultural e política do território catarinense a partir da década de 1980, quando os sinais das emissoras catarinenses atingiram todas as comunidades e jornais editados na Capital e em cidades-polos começaram a ser acessados pela população. Linhas aéreas passaram a fazer a conexão oeste-litoral. O intercâmbio leste-oeste se intensificou.
O saudoso governador Luiz Henrique da Silveira, em sua primeira campanha vitoriosa para o governo, desfraldou a arrojada bandeira da “deslitoralização”. O êxodo das áreas rurais para os polos e micropolos regionais e, especialmente, para o litoral, estava – e ainda está – esvaziando os campos e as cidades do interior e inchando o litoral. Enquanto o interior perde recursos humanos, densidade populacional e importância político-eleitoral, as áreas litorâneas ganham problemas insuperáveis em face das demandas por saúde, educação, habitação etc.
A eleição de um governador oestino pode influenciar na reversão desse processo porque é no hinterland que estão os recursos naturais, a riqueza econômica, a diversidade étnica e cultural e as condições para sustentar o desenvolvimento catarinense. No litoral, apesar de suas potencialidades, estão as demandas e a concentração de problemas.
Há uma latente aspiração do grande oeste em eleger um governador, não apenas porque é a única região que ainda não o fez, mas, fundamentalmente, porque há um conjunto de lideranças de praticamente todas as correntes ideológicas e todos os matizes políticos preparadas para essa missão. Se houvesse um deserto de líderes, essa pretensão seria apenas uma quimera.