A utilização de dejetos de criação de suínos, aves e bovinos leiteiros é uma prática que precisa ser expandida no Centro-Oeste como ganho de rentabilidade de insumo na agropecuária e material para produção de energia. Os resíduos agropecuários de uma propriedade devem ser a base de matéria orgânica na integração da produção de grãos como milho, e forragens para bovinocultura de corte e de leite. A orientação de estudos científicos foi recomendada pelo pesquisador aposentado da Embrapa Milho e Sorgo (MG) e consultor de agronegócio, professor Egídio Arno Konzen, durante o último dia do Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec), em Cuiabá. “É transformar o dejeto, passivo ambiental, em insumo agrícola e ativo ambiental. O insumo que existe na propriedade evita importação do químico, oriundo do petróleo”.
Segundo suas pesquisas, que incluem um mestrado em Zootecnia, a gestão sustentável dos resíduos de animais (cama de frango, chorume) pode significar uma produtivi dade em termos de 25% a 68% comparado ao uso de fertilizantes químicos, sem se quantificar os benefícios de proteção ambiental e os efeitos benéficos da adubação orgânica no solo. O professor Konzen explicou um caso concreto de uma propriedade em Sorriso (420 Km de Cuiabá), produtor de milho, soja e granjas de suínos. Na safra 2008/2009, um produtor local obteve rendimento de 150 sacos de milho por hectare com a utilização de 2 toneladas de cama de frango e biofertilizante, na razão de 100 metros cúbicos. A proporção de adubação resultou em 340 quilos dos nutrientes Nitrogênio, Fósforo e Potássio (NPK). O produtor não utilizou adubo químico pela combinação de manejo, tratamento e destinação dos dejetos da criação de suínos e de aves que tem.
Na contabilização de custos, comenta Konzen, o adubo orgânico custou cerca de R$ 200 por hectare, quando no modo convencional, com fertilizantes químicos, gastaria R$ 680 com o mesmo composto de nutrientes NPK. A economia, no caso concre to demonstrado por ele é de 240%. O consultor informa que a produção de suínos, aves e de leite em operação e os a serem implantados nos próximos anos geram 22,9 milhões de toneladas de dejetos por ano.