O Valor Bruto da Produção (VBP) das principais lavouras do país está estimado em R$ 213,5 bilhões, 2,85% menor do que no ano de 2011. Os dados são calculados a partir dos levantamentos de safra realizados no mês de junho, informou o coordenador da Assessoria de Planejamento Estratégico (AGE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Garcia Gasques. Ele atribui à oscilação para baixo dos preços agrícolas como principal fator para o resultado. Dos18 produtos pesquisados, apenas cinco apresentaram aumento do VBP, entre os quais o algodão (37,4%); a cebola (5,7%); o feijão (10,6%); o milho (16,8%) e a soja (3,3%). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, dia 19 de julho, em Brasília.
Gasques chama atenção para alguns produtos que tiveram impacto negativo neste ano, é o caso da laranja, que teve queda de 50,3% no valor da produção. “Embora a produção estimada neste ano seja praticamente igual a do ano passado, a redução de preços da laranja, da ordem de 50,5% em relação ao ano passado, provoca essa queda do valor”, explicou.
Ele também ressaltou que a soja apresentou queda brusca de produção devido à estiagem, especialmente no Sul do país, e teve seu valor de produção aumentado devido à acentuada elevação dos preços do produto. De acordo com os dados do Cepea/USP, neste ano, os preços médios da soja são o dobro dos preços históricos do produto. Outra cultura em destaque é o milho, pois vem apresentando aumento de produção e já supera a soja.
Em compensação, alguns produtos estão com desempenho baixo em 2012, é o caso do arroz, cuja queda é de 15,1% no valor da produção, a batata- inglesa, 43,6%; a laranja, 50,3 %; a mandioca, 13,9%; tomate, 40% e o trigo, 15,5 %. A combinação de menores preços e volumes produzidos resulta em valores mais baixos, justificou.
Dados regionais
As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as que apresentam aumentos do valor da produção neste ano. Vale mencionar que o Nordeste atravessa período de secas acentuadas e nem todos os seus efeitos estão ainda incorporados nesses resultados.
Os estados do Ceará e de Pernambuco são os que mais traduzem o impacto da seca. A Bahia, por exemplo, que é o Estado com maior valor da produção agrícola do Nordeste, os efeitos da estiagem em produtos como o feijão provocaram elevadas perdas de produtividade. Enquanto no Sudeste, São Paulo sofre o impacto da crise da laranja e, no Sul, as perdas de produção são devido à seca que resultou em menor valor do faturamento em 2012.
O Centro-Oeste, por ser uma região que neste ano não apresenta problemas de mudanças climáticas acentuadas, se beneficia pelos resultados favoráveis de grãos.