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Valor do agronegócio

Preços elevados no campo capitalizam o agronegócio. Previsões do PIB brasileiro seguem caindo. Leia artigo do Cepea.

As previsões para o PIB total da economia brasileira seguem caindo, mal se segurando acima dos 3% (medido em termos de volume) para 2011. Isso acontece em decorrência das medidas políticas de contenção que vinham sendo adotadas até o primeiro semestre e também diante do agravamento da crise internacional, com epicentros nos Estados Unidos e Área do Euro. Como estaria se dando a evolução do agronegócio (insumos, agropecuária, agroindústria e distribuição) diante deste cenário?

O Cepea da Esalq/USP, com o apoio da CNA, avalia a geração de valor do agronegócio sob duas óticas. Uma delas é o Produto do setor, que mede seu valor adicionado em termos dos volumes produzidos, que são agregados mantendo-se constantes os preços dos produtos e dos insumos utilizados. Outra é o PIB (ou renda), que conjuga o comportamento do volume aos dos preços reais, que estão em permanente variação sob efeito das forças da oferta e demanda.

O crescimento do Produto (volume) é bem-vindo pela sociedade em geral, pois aumenta a disponibilidade de bens nos mercados interno e externo. O crescimento do PIB, por sua vez, beneficia os envolvidos na produção do setor, remunerando melhor seus fatores de produção, tanto patrões como empregados, tanto o capital como os recursos naturais.

Dados preliminares disponíveis até o momento permitem projetar uma expansão de cerca de 2% do Produto do agronegócio em relação a 2010, enquanto o PIB deverá crescer perto de 5,8%, em razão dos preços reais mais altos tanto de insumos como produtos, associados fortemente ao comportamento das commodities no mercado externo.

Entre os segmentos que compõem o agronegócio, o destaque, em termos de volume, vai para o de insumos, cuja expansão pode chegar a mais de 5%. Em função da recuperação de preços, seu PIB poderá vir a avançar mais de 10% em 2011.

Quanto ao segmento agropecuário (“dentro da porteira”), o volume de produção poderá crescer perto de 4%, sendo 4,4% para as lavouras e 3,3% para a pecuária. Já seu PIB (correspondente à renda rural) poderá crescer em torno de 9,5% para o conjunto agropecuário, com cerca de 12% para as lavouras e 6,5% para a pecuária.

Em termos de volume, a agroindústria tende a se retrair em torno de 0,5% (com fortes quedas nos casos do etanol, têxteis e calçados); aparentemente, após a recuperação de 2010 – quando cresceu 7,5%, o volume da agroindústria acabou se estagnando. Já o PIB poderá crescer pouco mais de 1,5%.

Finalmente, o segmento de distribuição, que se encarrega da logística de levar insumos e produtos básicos e processados aos seus destinatários finais, tenderá a se expandir em torno de 1,3% em termos de Produto e 5% em termos de PIB.

Conclui-se que o agronegócio provavelmente vai ter uma expansão quantitativa aparentemente modesta – de 2% – mas que se situa próxima à sua média nos últimos 15 anos. Sua renda (PIB) poderá ter um crescimento mais expressivo (5,8%), que poderá mostrar-se relevante para financiar os altos investimentos necessários para atender às demandas futuras interna e externa por alimentos, fibras e energia. Já para o próximo ano, a alta mais significativa de renda do segmento primário (9,5%) poderá estimular um aumento mais expressivo da safra 2011/12 do que vem sendo previsto até o momento.

Geraldo Barros é professor titular da USP/Esalq e coordenador científico do Cepea/Esalq/USP.