A exportação de frango brasileiro para a China pode aumentar 757% por mês até 2011. A estimativa do analista Eduardo Reinaldo Sarmento, da Safras & Mercados, aponta um salto da média de 7 mil toneladas do produto, atualmente embarcado por mês via Hong Kong, para até 60 mil toneladas. “Com o desenvolvimento chinês, é possível que até o fim de 2011, início de 2012, a importação chinesa aumente para 50 ou 60 mil toneladas por mês”, diz o analista.
Sarmento também prevê, em 2010, superação dos recordes de exportação e produção do setor, além do ganho de mais mercado russo com a possível brecha deixada pelos Estados Unidos. Em 2009, os norte-americanos exportaram para a Rússia 800 mil toneladas do produto. Moscou suspendeu as importações dos EUA no início do mês, após entrar em vigor os novos padrões sanitários do País que proíbem a descontaminação do produto com cloro.
De acordo a Safras, no ano passado, o Brasil produziu 11,050 milhões de toneladas de frango. Em 2010, deve chegar a 11,800 milhões. Os números de exportação em 2009 atingiram 3,634 milhões de toneladas. Este ano, a previsão é exportar 3,850 milhões.
Para Sarmento, o avanço em 2010 será de 6%. Já a Associação Brasileira dos Produtores de Frango (Abef) estima crescimento de 3% a, no máximo, 5%. “A receita precisa crescer no mínimo 10%. Contamos com uma melhora na política cambial. Se a sobrevalorização do real persistir, não atingiremos nem os números de 2009”, afirma Francisco Turra, presidente executivo da Abef.
Para Turra, apesar de possível o avanço na comercialização com a China, tudo vai depender da questão tarifária de exportação. “As conversas no Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior estão andando bem e sinalizam que o governo está disposto a solucionar o problema tarifário, que hoje é de 100%. Impraticável”, afirma, embora ainda não tenha previsão de quando isso possa ocorrer.
Segundo o presidente da Abef, nos últimos oito anos até 2008, o setor registrava um crescimento de 11% no volume e 15% na receita. “2009 foi um ano perdido”, diz.
A Abef aposta em aumento das exportações para Ásia, Oriente Médio, África, Japão e Venezuela. O analista da Safras estima também aumento da exportação brasileira de frango rumo ao Uruguai e Chile. “Algo em torno de 20 mil até 30 mil toneladas por mês, em curto prazo”, diz Sarmento.
Para o mercado interno, a previsão de crescimento do setor gira em torno de 3%, de acordo com Ariel Antônio Mendes, presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA). De acordo com Mendes, apesar de 2009 repetir o volume de produção de 2008, o ano foi ruim para o mercado interno. “Faltou financiamento e os produtores não tiveram capital de giro e, mesmo assim, o mercado não repassou ao consumidor as suas perdas. Este ano, como a economia deve crescer, os preços também devem melhorar, assim como o consumo”, afirmou o presidente da UBA. O presidente da Abef adiantou que, se a exportação brasileira avançar tanto na Rússia quanto na China, o setor tem estrutura e está preparado para atender à nova demanda.
Rússia x EUA
Está previsto para hoje o desfecho da guerra do frango entre EUA e Rússia. Para Turra, as conversas entre os dois países vão acabar protelando mais uma vez os novos padrões sanitários russos, que já deveriam ter entrado em vigor no início de 2009.
Segundo Turra, a Rússia foi uma surpresa negativa no ano passado, com o recuo de 54% nas importações do produto brasileiro. “Não tenho expectativa com o embargo ao frango norte-americano. A Rússia é politicamente dependente dos EUA”, diz.