Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Mercado Interno

Vendas diretas para mercados

<p>Pequenos agricultores preferem negociar diretamente com redes varejistas para obterem mais lucro.</p>

Ter a garantia de que a produção será vendida, o que permite planejar investimentos, eliminar a figura do atravessador e obter mais lucro. Essas são algumas das vantagens que um pequeno ou médio agricultor leva ao fornecer a produção aos supermercados. O produtor Valdir Escucato cultiva limões em Mogi-Mirim (SP). Na década de 1980 ele destinava a produção para um intermediário. “Um dia, fazendo compras, vi meus limões no mercado a um preço muito maior, o que me deu noção do quanto eu perdia.” Ele decidiu então procurar o responsável pelas compras do mercado, para fornecer diretamente. A conversa foi produtiva e ele logo passou a fornecer para duas lojas. Hoje, a propriedade passou de 8 mil pés de limão para 250 mil, em 310 hectares. Ao todo, Escucato entrega para a rede 6 mil quilos/dia, em 90 lojas. “Isso entre agosto e novembro. No resto do ano são 10 mil quilos/dia.”

Escucato integra um programa do Carrefour, que visa a desenvolver pequenos e médios produtores, auxiliando-os no cumprimento de uma série de regras necessárias para fornecer para uma grande rede. São normas que preveem desde boas práticas de produção, como o rígido controle sobre o uso de defensivos agrícolas e a rastreabilidade do que é cultivado, até questões sociais e trabalhistas, como a obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual e de registrar todos os funcionários. “É esse incentivo à profissionalização que permite ao produtor crescer e atingir novos mercados. Além, é claro, de melhorar a qualidade da produção”, diz o gerente nacional de Produtos com Garantia de Origem do Carrefour, Daniel Pereira. Ele diz que, ao se tornar um fornecedor, o produtor passa por auditoria, para levantar possíveis inconformidades.

“Feita essa identificação nós damos suporte técnico para que eles possam evoluir nos seus procedimentos.” Pereira diz que a empresa mantém relação direta com 13% dos fornecedores de frutas, verduras e legumes, e que a meta para 2010 é elevar o índice para 15%. “A intenção é trabalhar assim com a maioria dos fornecedores, pois nos permite ter controle maior sobre a qualidade do produto e nossos parceiros lucram mais”, diz.

Orgânicos

O mesmo faz a rede Pão de Açúcar, que trabalha com o desenvolvimento de pequenos agricultores para a linha de produtos orgânicos. A empresa tem uma equipe de técnicos, agrônomos e zootecnistas que dão suporte para os produtores. “A intenção é desmistificar o estigma de vilão atribuído às grandes redes”, diz a gerente de Orgânicos da empresa, Sandra Sabóia. Ela diz que o crescimento anual na quantidade de fornecedores de pequeno porte foi em média de 40% nos últimos anos. “Temos produtores que cultivam em áreas inferiores a 2 hectares. Não exigimos volume, apenas constância. Por isso ajudamos a fazer um planejamento. À medida que ele aumenta sua produção nós aumentamos as compras.” Foi o que ocorreu com a Cio da Terra, que reúne 50 produtores orgânicos em Itatiba (SP). O proprietário da empresa, Zuko De Luca, diz que a Cio da Terra nasceu como fornecedora do Pão de Açúcar há cinco anos. Desde lá praticamente quintuplicou de tamanho e já fornece para duas outras redes. “Saímos de um faturamento de R$ 8 mil para R$ 350 mil por mês e de 3 para 50 funcionários.”

A rede Covabra, presente em 20 municípios do interior, tem trabalho semelhante, diz o gerente de Compras João Leandro Rodrigues. “Fazemos levantamentos periódicos sobre as condições de produção dos pequenos fornecedores e apontamos os pontos a serem desenvolvidos.” O gerente diz que a parceria evita que o produtor fique nas mãos de atravessadores. “Ele passa a ter garantia de que a produção será comprada, o que reduz riscos e melhora seu planejamento.”

Obrigações

Rastreabilidade: O alimento é controlado e rastreado desde os tratos culturais até a árvore ou talhão do qual ele foi colhido.

Condições trabalhistas: Todos os trabalhadores devem ter carteira assinada e é obrigatório o uso de EPIs e a instalação de banheiros na lavoura e também de refeitórios próximos.

Controle de defensivos: O uso de agrotóxicos é monitorado e as medições dos índices de resíduos nos alimentos são rotineiras.