Uma forte queda nos embarques para a Venezuela, principalmente, derrubou as exportações brasileiras de carne de frango em janeiro. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), as vendas externas totais no mês somaram 233,3 mil toneladas, recuo de 15,09% sobre as 274,78 mil toneladas de janeiro de 2009. Em receita, a perda foi de 2,80%, saindo de US$ 414,180 milhões em janeiro de 2009, para US$ 402,588 milhões em igual mês este ano. “Houve queda forte nos volumes para a América Latina. A Venezuela, um grande mercado para o Brasil, está comprando menos”, disse o presidente da Abef, Francisco Turra.
De fato, as exportações de carne de frango para o país governado por Hugo Chávez despencaram em janeiro. O recuo foi de 77,6%, de 28,7 mil toneladas em janeiro de 2009 para 6,425 mil toneladas em janeiro deste ano. O tombo foi similar na receita (77,7%), que saiu de US$ 51,939 milhões em janeiro do ano passado para US$ 11,573 milhões no primeiro mês de 2010.
A razão para a forte queda é que a Venezuela – onde o governo é responsável pelas importações – vinha adquirindo grandes volumes de frango até o fim de 2008 e início de 2009. Acabou ficando estocada e foi digerindo os volumes no decorrer de 2009, segundo uma fonte da indústria exportadora. Por isso, os números de janeiro são bem inferiores aos do mesmo mês de 2009.
Além disso, a queda dos preços do petróleo por conta da crise global também influencia, ainda que as cotações já tenham se recuperado. Como a maior parte das receitas da Venezuela vem do petróleo, o governo segurou as compras de frango no segundo semestre de 2009, o que se reflete nos embarques agora. Mas, diz a mesma fonte, o governo venezuelano se diz comprometido em não deixar faltar alimentos no país.
Enquanto a Venezuela tem decepcionado os exportadores, o Oriente Médio elevou os volumes comprados do Brasil. Foram 87,660 mil toneladas em janeiro, com alta de 2,5% sobre igual mês do ano passado. Em receita, o ganho foi mais expressivo: de 37,32%, para US$ 141,804 milhões.
Parte desse avanço se deve ao aumento de quase 100% das vendas ao Iraque, que comprou US$ 15,846 milhões em janeiro.
De acordo com Turra, os preços médios na exportação em janeiro se recuperaram (alta de 15%) por causa da alta do dólar ante o real. Também houve reação de preços no Oriente Médio, Japão e Europa.