Depois de afirmar que não haveria verba extra para complementar o repasse aos produtores afetados pela seca, o governo anunciou, ontem, aporte de R$ 40 milhões aos agricultores de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os recursos serão remanejados de outros estados e a expectativa da Fetag é que 84% do valor seja destinado ao Estado. “O valor não atende à totalidade das nossas necessidades, mas é um grande avanço”, comemorou o presidente da Fetag, EltoWeber. O dirigente esteve reunido, em Brasília, com o diretor do Departamento de Financiamento e Proteção da Produção Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), João Luiz Guadagnin. O socorro de R$ 2 mil pode ser pago em 24 meses com juro de 0,5% ao ano. Segundo a Fetag, é preciso R$ 55 milhões para atender aos 27,5 mil inscritos e R$ 45 milhões para propostas paradas no Banco do Brasil.
O resultado foi apresentado depois de dois dias de negociação e de manifestação realizada ontem em Porto Alegre. “Vamos continuar mobilizados para que tenhamos linha de crédito para atender a todos”, frisou Weber. O ato reuniu mil agricultores familiares e começou no Parque da Harmonia, de onde o grupo caminhou até a superintendência do MDA, onde foi recebido.
Entre os motivos que levaram o governo a negar o recurso até então estavam a fartura das linhas de crédito do Pronaf, os indícios de irregularidades na concessão do benefício e o fato de o Estado ter sido destino de grande parte da verba no País. O tesoureiro-geral da Fetag, Amauri Miotto, afirmou que a maioria dos produtores não atendidos compreende os mais pobres, que não têm conta em bancos. Ele defendeu que as suspeitas de fraude sejam investigadas. “Nos sentimos desamparados pelo MDA na negociação de novos recursos com o Ministério da Fazenda.”
Produtores como Eliseu Spicker, de Três Passos, que veio atrás do dinheiro para comprar uma vaca e pagar insumos, estava confiante em solução favorável. Mesma esperança tinha Maria Winter, de Caçapava do Sul, que, após perder quase toda a produção, espera pela ajuda.