A queda dos preços dos aditivos alimentares em 2009 – reflexo da queda na cotação do barril de petróleo e valorização do real frente ao dólar – não deixou de expor a fragilidade brasileira ao fornecimento desse tipo de insumo. Ao contrário, a dependência da indústria brasileira em relação aos aditivos alimentares continuou a ser motivo de grande preocupação para o setor.
Para Ariovaldo Zanni, diretor-executivo do Sindicato Nacional de Alimentação Animal (Sindirações), não se trata apenas de um problema de ordem econômica ou financeira e sim de suprimento. “Os aditivos alimentares são estratégicos para a indústria brasileira de proteína animal. Se o Brasil quer mesmo se tornar o maior fornecedor do mercado mundial de carnes tem que investir na produção desses insumos”, afirma.
Em 2009, a indústria brasileira de alimentação animal vai importar US$ 1 bilhão em vitaminas, aminoácidos e outros aditivos. A China é hoje o principal fornecedor do País e já representa 30% das vitaminas utilizadas pela indústria brasileira e 70% dos agentes melhoradores de desempenho. A lisina é o único aminoácido em que o Brasil é auto-suficiente.
Estudo técnico – A forte dependência brasileira do fornecimento externo de aditivos alimentares fez o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) bater à porta do governo federal mais uma vez. O setor pleiteia que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) realize um estudo técnico para avaliar a viabilidade econômica para a implantação de plantas industriais de aditivos alimentares no Brasil.
A reivindicação é antiga. Há pelo menos três anos o setor tenta convencer o governo da necessidade de estimular a produção desse tipo de insumo (vitaminas, microminerais e aminoácidos etc.) no País. “Somos importadores líquidos desses ingredientes. Não podemos ficar a mercê dos fornecedores mundiais. Essa dependência pode limitar a expansão da indústria brasileira de proteína animal, setor que é um dos motores da economia nacional”, argumenta Zanni.
Segundo o diretor-executivo do Sindirações, para estimular investimentos na construção de fábricas de aditivos é necessário que o governo disponibilize linhas de crédito e atrativos fiscais e tributários para atrair o interesse de empresas a investir nesse negócio. “Seria importante que o governo entendesse a complexidade da situação e desse a atenção que o assunto merece”, diz.
De Zanni, o Brasil reúne condições para produção própria de aditivos alimentares. “Temos uma indústria química bem instalada e o domínio da tecnologia de fermentação”, afirma o executivo. “Com uma indústria instalada, o Brasil poderia vir a constituir uma plataforma de expedição desses insumos para toda a América Latina, Caribe, e por que não, EUA e México”.