A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, sigla em Inglês) confirmou o biometano como um biocombustível avançado, ou seja, considerado renovável, de baixo carbono e que pode contribuir de forma significativa para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE).
O anúncio foi recebido como positivo para o setor no mundo inteiro, pois os Estados Unidos são um dos mais importantes mercados do planeta e pode abrir precedentes para que o mesmo aconteça em outras partes do mundo e no Brasil. Biocombustíveis avançados emitem pelos menos 50% a menos de gás carbônico (CO2) do que a gasolina, assim como o etanol celulósico de segunda geração. O biometano pode ser produzido de diversas fontes, como resíduos da indústria sucroalcooleira (cana de açúcar), vinhaça e palha, resíduos de animais e esterco.
Os carros híbridos e elétricos que utilizem a energia gerada a partir do biogás também passam a ser considerados avançados, pois contribuem no processo de descarbonização do segmento de transporte.
“A decisão da EPA ressalta os benefícios ambientais do biometano e reafirma o insumo como combustível renovável e de baixo carbono, que pode ajudar o mundo a mitigar os efeitos do aquecimento global e ao mesmo tempo diversificar a matriz energética”, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás), Alessandro Gardermann.
O executivo lembra ainda que o insumo vai ajudar os EUA a alcançar suas metas de segurança energética e de redução de gases de efeito estufa, conforme o acordo firmado na cúpula do clima de Paris, a COP 21.
“Esperamos que outros governos possam tomar nota da maneira como a EPA administrou esse processo. No Brasil, a produção anual de biometano poderia chegar a 28,5 bilhões m³/ano, isso equivale a 50% do consumo de diesel do país. Além de aliviar a pressão energética na qual vivemos hoje, atenderia a necessidade de biocombustíveis”, diz Gardermann.
Desta forma, segundo informações da ABiogás, o biometano brasileiro poderia abastecer quase 25% da frota nacional, combinando a gestão adequada dos diversos resíduos com emissão negativa de dióxido de carbono.
Ação incisiva da ABiogás
O motivo principal pela qual o biometano ainda não é considerado um combustível avançado no Brasil é a falta de uma política pública que viabilize a inserção na matriz energética nacional. A ABiogás produziu recentemente uma proposta integrada de iniciativas para o desenvolvimento do mercado de biogás para fim energético no Brasil – o Programa Nacional de Biogás e Biometano (PNBB).
O documento cita inúmeras evidências científicas mostrando as vantagens do biocombustível. O Programa tem também como destaque a necessidade de criação de leilões de energia, simplificação tributária e desonerações na cadeia produtiva de equipamentos para a cadeia de produção de biogás e biometano.
“O PNBB pretende estabelecer condições específicas para que os investimentos no biogás e no biometano sejam atrativos para potenciais produtores e usuários e que se estabeleçam como fontes de energia seguras, oficialmente inseridas na matriz energética, com qualidade e disponibilidade firme”, diz Gardermann.